JBS e BRF brigam pelo mercado

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São Paulo - A JBS e a BRF brigam pelo mercado doméstico em 2015. O duelo já é notório nas campanhas publicitárias, que tentam decidir se o "S" é de Sadia (da BRF) ou de Seara (da JBS), mas se acirrou com a volta de categorias da Perdigão, também da BRF, em julho. Ainda é cedo para saber quem está levando a vantagem, mas, sem escolher favoritos, analistas do mercado financeiro comentam as estratégias das companhias no segundo trimestre e tentam prever o que pode ocorrer na disputa

A analista do BB Investimentos, Luciana Carvalho, ressalta que a BRF tem investido bastante em comunicação para chamar a atenção dos consumidores. Segundo a analista, os investimentos pesaram sobre os resultados do segundo trimestre de 2015. A companhia reportou alta de 12,3% nas suas despesas operacionais, que somaram R$ 1,15 bilhão, no comparativo anual. O aumento se deve a custos com merchandising, mas também fretes e salários.

A JBS não faz menção aos investimentos em marketing, mas não está menos focada em promover sua marca. O presidente da JBS Foods, dona da Seara, Gilberto Tomazoni, afirmou em teleconferência com analistas na última sexta-feira que a concorrência é bem-vinda e ajuda o mercado como um todo a crescer, mas que tem por objetivo a fidelização dos consumidores, e não participação de mercado. "Os próximos trimestres serão um período de teste, para sabermos se a JBS conquistou o cliente a ponto de não ocorrer a troca de marcas", observa Luciana Carvalho.

Para vencer a disputa contra a JBS, a BRF precisa evitar uma luta histórica do segmento de proteína animal: a competição entre Sadia e Perdigão. A companhia planeja atingir públicos diferentes, com preços maiores para produtos da Sadia e menores para a Perdigão, mas a tática pode não dar certo. Se a Seara conseguir preservar seu mercado, Luciana Carvalho prevê que a Perdigão pode "conquistar outro nicho, inclusive tomando market share da Sadia". "Então veremos se o trabalho da JBS em termos de melhoria de serviço e ampliação de canais de venda teve resultado", acrescenta.

A crise econômica no Brasil leva mais um elemento de incerteza à competição. Não se sabe ao certo como ficará a preferência dos consumidores em meio à restrição da renda familiar, inflação e aumento do desemprego. Para Catarina Pedrosa, analista do Besi Brasil, este é um cenário que pode favorecer a JBS. "Os preços da Seara são menores que os da Perdigão e da Sadia. Então em uma crise econômica, onde as pessoas têm menos dinheiro, consumidores podem procurar mais a Seara", observa. "O que eu não consigo avaliar é o quanto as pessoas ainda se lembram da Perdigão. Presunto é Sadia, mortadela é Seara. Mas e Perdigão? A marca está há muito tempo sem vender algumas categorias", acrescenta.

Para os próximos anos, outros itens da Perdigão devem retomar as vendas. Em 2016, a marca retoma a categoria salame e, em 2017, lasanha, peito de peru, pizza congelada, quibe e almôndega.

Vendas - Ainda não há dados públicos de vendas de nenhuma das marcas após a volta das categorias da Perdigão, mas executivos têm se esforçado para convencer o mercado de que as suas marcas apresentam um bom desempenho. O diretor-presidente da BRF, Pedro Faria, afirmou que as vendas da Perdigão "parecem ter ido muito bem" em julho, apesar de ser cedo para avaliar a retomada das categorias. O presidente do Conselho de Administração da BRF, Abilio Diniz, disse que a união de Sadia e Perdigão fará a companhia aumentar seu market share e permite "uma maneira melhor de administrar o mercado". As declarações ocorreram em teleconferência de resultados trimestrais.

Por outro lado, a JBS diz não esperar compressão das margens da JBS Foods devido ao acirramento da concorrência. Tomazoni diz não saber o que ocorrerá com o mercado, mas afirma que a companhia teve resultado histórico de vendas em julho, tanto em volume quanto em receitas. "Estamos satisfeitos com o que estamos vendo", disse.


Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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