Laticínios em compasso de espera

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Instabilidade econômica e encarecimento da matéria-prima afetaram a agroindústria neste ano

 



A instabilidade econômica do país, o encarecimento da matéria-prima, a realização da Copa do Mundo e das eleições fizeram com que este ano não fosse favorável para o desempenho da indústria de laticínios de Minas Gerais. Para 2015, as expectativas também são cautelosas, uma vez que serão necessárias mudanças nas políticas de governo e maior controle da inflação para que a indústria recupere a margem de lucro e retome os investimentos.

Neste ano, a produção de leite em Minas, maior bacia leiteira do país, será de 9,7 bilhões de litros, aumento de 5%, frente ao volume captado em 2013. Os dados foram discutidos ontem durante a Assembleia Geral 2014 do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), realizada na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

De acordo com o presidente do Silemg, João Lúcio Barreto Carneiro, os laticínios, ao longo deste ano, tiveram as margens de lucro reduzidas, comprometendo os projetos de investimentos. "Os preços do leite pagos ao produto apresentaram incremento significativo ao longo do ano, mas a indústria não conseguiu repassar esse custo para os consumidores. Dessa forma, estamos trabalhando com a margem de lucro limitada. Os empresários estão cautelosos e esperando maior definição dos rumos da economia para investirem nas indústrias", explica.

Somente neste ano, os preços pagos pelo litro de leite em Minas Gerais ficaram, em média, entre 10% e 15% mais elevados que os praticados em 2013. Enquanto o repasse da indústria para o mercado consumidor foi de 5%.

Segundo o Silemg, o encarecimento da matéria-prima está diretamente relacionado à seca rigorosa e atípica que pressionou os custos de produção no Estado, uma vez que a oferta de pastagem foi comprometida e os produtores precisaram investir em aquisição de ração.

Captação - A produção de leite em Minas deve encerrar o ano com aumento de 5% e captação de 9,7 bilhões. O incremento só não foi maior devido ao período de seca, que afetou o rendimento do rebanho.

De acordo com Carneiro, o setor de lácteos ainda tem muito potencial para crescer no país, porém alguns gargalos ainda limitam a expansão do setor. "Para avançar, o setor precisa de infraestrutura, o custo Brasil é muito alto, as rodovias e estradas vicinais são precárias, o que aumenta os custos de produção de leite. A energia é outro ponto crítico, nas propriedades rurais ainda existe muita variação de tensão e o leite precisa de refrigeração constante desde as fazendas até a indústria".

Em relação a 2015, o segmento acredita que será mais um ano difícil para o setor industrial. "O governo federal precisa colocar as contas em dia e fazer o ajuste fiscal. Esse tipo de intervenção pode acarretar na limitação de crédito e na elevação das taxas de juros, o que poderá dificultar, ainda mais, o cenário para a indústria. Os empresários ainda estão muito apreensivos em relação ao que virá após o ajuste fiscal, que precisa ocorrer, apesar de existir um discurso político de que serão adotadas medidas para que o setor industrial volte a crescer", avalia.

Estratégia passa pela diversificação do mercado


O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), João Lúcio Barreto Carneiro, diz que, para minimizar os efeitos da crise, a saída encontrada pelos laticínios será o investimento constante na qualidade dos produtos, que vem desde a matéria-prima, passando pela diversificação do mercado atendido e das linhas de produtos.

"Nosso objetivo é trabalhar a melhoria da qualidade do leite em Minas e, para isso, precisamos eliminar os atravessadores, conhecidos como "tanqueiros do leite". Vamos trabalhar em conjunto para que essas pessoas parem de atuar na comercialização da matéria-prima, que não tem qualidade garantida e nem procedência. Com o aumento da qualidade ganham todos, desde o produtor, que terá um aumento na renda, passando pela indústria, que terá maior rendimento, até o consumidor, que vai receber produtos de maior qualidade", enfatiza.

A estratégia de diversificar as linhas de produtos e ampliar a atuação no mercado nacional tem permitido que o Laticínio Verde Campo, com sede em Lavras, no Sul de Minas Gerais, mantenha o ritmo de crescimento. Somente em 2014 é esperada alta de 80% no faturamento da empresa.

Há 14 anos no mercado, o laticínio produz alimentos voltados para consumidores que buscam por produtos mais saudáveis, de baixa caloria, sem lactose, diets e também à base de soja.

De acordo com o diretor do Verde Campo, Alessandro Rios, até 2013, os produtos fabricados da empresa eram destinados somente ao mercado da região Sudeste, mas, em 2014, a empresa passou a atender outras regiões do país, projeto que será ampliado em 2015.

"A ampliação da atuação geográfica foi fundamental para o crescimento do laticínio, e esse posicionamento tem contribuído para que os efeitos da crise não interfira no nosso desempenho. Também investimos constantemente na diversificação das linhas, em 2015 pretendemos lançar, pelo menos, mais seis produtos", explica Rios.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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