Setor leiteiro busca recuperar a confiança

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Novos equipamentos e pedidos de mudança na lei são iniciativas para resgatar credibilidade abalada após fraudes




Ainda alvo de desconfiança dos seus clientes após sucessivos casos de adulteração, o setor leiteiro gaúcho tenta, agora, recuperar credibilidade. Para isso, entidades de classe e empresas apostam em equipamentos que diminuam a atuação humana na cadeia, na atualização das leis que regulamentam análises e na transparência de seus processos.

Com o objetivo de esclarecer a produção no setor, o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS) convidou jornalistas para visita à BRF de Teutônia, principal unidade de produtos lácteos da companhia no Estado. “Os últimos dois anos foram agitados. Mesmo que os problemas não tenham atingido nem 1% da cadeia, o impacto negativo recai sobre todos”, afirmou o secretário executivo do Sindilat-RS, Darlan Palharini.

Na visita à fábrica, que beneficia uma média de um milhão de litros por dia, tanto a entidade quanto a empresa preocuparam-se em garantir a lisura das análises realizadas nos laboratórios da unidade. Segundo Patrícia Bloemker, supervisora do setor na planta, todos os caminhões, ao chegarem, têm coletadas uma amostra por tanque, além de já trazerem amostras dos produtores.

Na planta, as amostras passariam por exames como os de acidez, proteína e ponto de congelamento, além dos voltados a possíveis fraudes, buscando identificar, por exemplo, formol e etanol. Segundo Patrícia, os caminhões levariam 45 minutos para serem liberados caso os exames não apontem problemas. Mensalmente, 0,9% dos tanques seriam rejeitados, principalmente por temperatura mínima e estabilidade, sendo a detecção de fraudes pouco comum.

A complexidade das análises, que seguiriam a mesma metodologia dos laboratórios credenciados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), seria um dos motivos de divergências nos resultados realizados na empresa e na rede oficial. Para combater essa discrepância, o Sindilat-RS protocolou, em abril, pedido ao Mapa para que fosse revista a legislação, que atualmente não considera contraprovas caso a amostra oficial tenha problemas.

“Ainda que se percam características físico-químicas, quase todas as detecções de fraudes podem ser feitas mesmo após o congelamento”, argumenta a consultora de qualidade do sindicato, Letícia Cappiello. Hoje, segundo ela, a contraprova não teria valor legal pois os exames oficiais demorariam até 15 dias para produzir resultados, enquanto o leite in natura, como o da contraprova, tem validade de 48 horas.

Outra das requisições da entidade envolveria a isenção de impostos de equipamentos que automatizem o processo realizado pelos transportadores, principal momento onde ocorreriam as fraudes. São três os modelos escolhidos, que variam de
R$ 40 mil a R$ 120 mil cada unidade. Para cobrir toda a frota do Estado, seriam necessários 1.200 equipamentos, segundo Palharini. Os dispositivos, fabricados em São Leopoldo, no Paraná e em Portugal, seriam responsáveis pelo controle da vazão além da coleta automática das amostras, sem intervenção humana. A preocupação com essa etapa, de acordo com o secretário, seria mundial, contando até com chips nas amostras em países como Alemanha e Holanda.

Embora já estejam em teste em algumas empresas, a intenção do Sindilat-RS é disponibilizar os três na Embrapa de Pelotas, para que todas as companhias do setor possam conhecê-los na prática.

“Esperamos tê-los em uso na Embrapa em, no máximo, 60 dias”, contou Palharini, que afirmou, também, ter recebido aceno informal positivo do Mapa quanto aos pedidos.
Avicultores gaúchos lançam segunda edição do projeto Ovos RS visando aumentar consumo

A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) lançou, nesta quinta-feira, a segunda edição do projeto Ovos RS. A iniciativa tem como objetivo fornecer assistência técnica aos produtores do Rio Grande do Sul e também realizar ações de marketing no intuito de ampliar o consumo de ovos. Atualmente, o Estado produz cerca de 2,5 bilhões de unidades do alimento ao ano, sendo responsável por aproximadamente de 7,5% da produção nacional.

Segundo o diretor executivo da Asgav e coordenador do projeto, Eduardo dos Santos, os produtores que aderirem à ação receberão, em suas propriedades, visitas de uma equipe formada por especialistas em zootecnia e veterinária. O objetivo é inspecionar os locais e passar orientações sobre legislação sanitária. “Aqueles produtores que atenderem, pelo menos, 70% dos requisitos estão aptos a colocarem um selo do programa nos seus produtos”, destaca.

Na primeira edição do projeto, 12 granjas de médio e grande portes participaram. Agora, a meta é elevar o número de participantes a 20. A médica veterinária Dione Francisco, responsável pela coordenação da assistência técnica, lembra que os estabelecimentos avaliados no ano passado atendiam às normas de biossegurança, sanidade e boas práticas de fabricação. “Estamos colocando um produto de qualidade no varejo para ser consumido sem nenhum prejuízo à saúde”, garante Dione.

Atualmente, cada brasileiro consome, em média, 168 ovos por ano, número abaixo da média de outros países. “Queremos elevar o consumo para 200 ovos ao ano por habitante nos próximos três ou quatro anos”, menciona Santos. O diretor executivo da Asgav destaca que, nos próximos meses, a entidade deve mapear os impactos da primeira edição do programa. De acordo com ele, a tendência é de que se verifique um aumento no consumo no Rio Grande do Sul.

Com perspectiva de aumento de produção, o setor também quer ampliar exportações. “Hoje, apenas 1% da produção brasileira é exportada. É possível elevar isso a 2% ou 3% nos próximos anos, através de um aumento de produção”, acredita. Para Santos, o Oriente Médio e a África devem ser os principais mercados alvos das vendas internacionais.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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