Melhor combinação de ofertas renderia R$ 531 milhões à LBR

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Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo



Após 14 empresas terem feito na quinta-feira propostas por ativos da LBR - Lácteos Brasil, à venda dentro do processo de recuperação judicial da companhia, sua direção apresentou ontem o que considera a melhor combinação de ofertas, e aquela que poderia garantir recursos para o pagamento das dívidas que têm com os credores da recuperação judicial.

Para a LBR, a combinação mais favorável para o caixa da empresa é que a envolve as propostas, por diferentes unidades produtivas isoladas (UPIs), de Lactalis (R$ 250 milhões), ARC Medical Logística (R$ 203,3 milhões), Colorado (R$ 40,177 milhões), Bela Vista (R$ 25 milhões), Cooperativa do Vale do Rio Doce (R$ 7 milhões) e Agricoop (R$ 6 milhões). Essa combinação contempla a alienação de todas as 14 UPIs colocadas à venda.

Em apresentação ontem, quinto dia da assembleia geral de credores, a LBR informou que usou como critérios para avaliar as propostas o seu valor nominal, o valor à vista e a prazo, o valor presente líquido levando em conta o desconto pela taxa Selic, o valor presente liquido utilizando o custo financeiro atual da LBR (2,5% ao mês) e a somatória dos laudos de avaliação das UPIs de cada oferta por proponente. Ao todo foram apresentadas nove combinações, em ordem decrescente por valor à vista..

A melhor combinação, de acordo com a LBR, arrecadaria, no total, R$ 531,477 milhões. Desse valor, R$ 465,945 milhões seriam pagos pelos compradores ainda neste ano e restaria uma parcela a prazo de R$ 65,532 milhões. O valor presente líquido dessa oferta descontada a Selic é de R$ 523,8 milhões. Segundo o laudo de avaliação feito pelo BDO, o valor das unidades envolvidas nessas ofertas somaria R$ 323,9 milhões, portanto bem abaixo do montante das ofertas combinadas.

As outras oito combinações de propostas não foram consideradas atraentes pela LBR, principalmente por preverem a entrada de menos recursos à vista. A Itambé, que tinha apresentado quatro possíveis ofertas pela UPI de Tapejara, protestou por considerar que poderia estar na combinação escolhida.

Conforme os cálculos da LBR apresentados pelo presidente estatutário da companhia, Nelson Bastos, o valor total de R$ 531,477 milhões seria suficiente para quitar os chamados gravames, isto é, as pendências que poderiam impedir a posse dos ativos pelos compradores.

Isso inclui dívidas com credores com garantia real (R$ 83,730 milhões), antecipação de arrendamentos (R$ 94 milhões), retrovenda de ativos (R$ 132,5 milhões), alienação fiduciária (R$ 139,9 milhões) e leasing (R$ 2,019 milhões). Além disso, poderia assegurar o pagamento de R$ 46,348 milhões de credores quirografários (sem garantia real) até o fim da recuperação judicial, em outubro de 2015.

Para outros quirografários - com valores a receber entre o fim do plano até 2024 -, a LBR vai propor um "leilão holandês", para antecipar a quitação das dívidas. Nesse tipo de leilão, ganha quem oferece o maior desconto na dívida. Segundo a LBR, R$ 28 milhões se encaixam nessa categoria, sem considerar créditos da Tetrapak. Há divergência sobre o valor dessa dívida. Para a LBR, ela é de R$ 21 milhões; para a multi sueca de embalagens, de R$ 37 milhões.

Somados, esses pagamentos (sem considerar os quirografários "pós outubro de 2015") totalizariam R$ 498,5 milhões. Isso significa, conforme a LBR, que haveria um saldo de R$ 32,9 milhões.

Os credores têm agora de avaliar a recomendação da LBR - que, se for por eles aceita terá também de ser homologada pelo juiz da recuperação judicial. O prazo para que isso ocorra ainda é desconhecido. A assembleia foi mais uma vez suspensa ontem e, até o fechamento desta edição, sua retomada não havia sido definida e credores e administrador judicial discutiam a necessidade de uma nova avaliação dos ativos.

Enquanto isso, a LBR enfrenta dificuldades para operar as unidades ainda em atividade. Apesar desse quadro, Bastos também apresentou ontem o plano de continuidade das operações da companhia após a concretização da venda das UPIs.

Segundo disse aos credores, a empresa pretende "perenizar" o uso das plantas de Governador Valadares e Guaratinguetá, onde opera hoje em consórcio com as companhias Glória e Ibituruna. O acordo, que está sendo discutido com as parceiras, prevê o arrendamento das plantas.

Além disso, segundo a LBR, a ARC, considerada a proponente que fez a melhor oferta pelas unidades de Tapejara, Garanhuns e Líder, se dispôs a arrendar para a LBR a área de processamento de leite UHT de uma dessas UPIs. Já a Colorado, considerada a que fez a melhor proposta pela marca Bom Gosto, se dispôs a licenciar o uso da marca no Sul do país para a LBR. Além disso, a LBR também produziria leites especiais na unidade Guaratinguetá, em regime de terceirização, para a Lactalis se a francesa concretizar a compra.

Para continuar a operar após a alienação dos ativos, a LBR também conta com recebimento de créditos de PIS/Cofins, no valor total de R$ 279,252 milhões entre novembro deste ano e junho de 2015.



Veículo: Valor Econômico


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