Sem pesquisa, carne pode encarecer mais do dobro

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Na hora de comprar carne, o consumidor tem que ficar atento e pesquisar. Dependendo do açougue escolhido, a variação de preços encontrados para um mesmo corte pode superar 100% na comparação com as tabelas do estabelecimento concorrente. É o que aponta a pesquisa de julho do Procon Assembleia-MG, que registra, ainda, aumento de 0,26% do preço médio da carne em Belo Horizonte neste mês, frente a junho. Como referência, a variação perde para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado na capital pela Fundação Ipead, vinculada à UFMG, de 0,60% no período de 30 dias terminado na segunda semana deste mês. Isso, contudo, está longe de eliminar o cuidado com uma despesa essencial no orçamento.
 
Depois de uma temporada com ligeira redução no valor do alimento, a tendência daqui em diante é de uma escalada do custo da carne para as famílias, puxada pelo período da seca nos pastos. O Procon Assembleia-MG pesquisou os preços encontrados de 18 a 21 deste mês em 38 açougues nas nove regiões de BH. Foram analisados 37 produtos, sendo que 24 tiveram aumento no preço médio e 13, redução. Segundo a coordenadora de pesquisa da entidade, Margareth Cintra, a diferença de preço entre os estabelecimentos se explica porque alguns deles ainda não aplicaram o reajuste no valor dos produtos que ocorre habitualmente neste mês.
 
“Nesse período, começa o aumento da carne e a variação fica ainda mais expressiva. O consumidor tem que ficar atento porque a diferença é muito grande e de agora para frente só aumenta. Em julho, a carne começa a encarecer porque é um mês de pasto mais seco e o produtor entra com a ração para complementar a alimentação do gado. Em dezembro, vêm as chuvas, mas a demanda é maior”, explica Margareth.
 
No caso da picanha, a variação entre os estabelecimentos chega a 84,46% por quilo, num intervalo de R$ 27,10 a R$ 49,99 por quilo. A fraldinha não fica tão distante, exibindo variação de 77,76%. Dependendo do açougue, o preço da alcatra chega a ficar 75,63% mais caro, de R$ 19,90 a R$ 34,95. As variações nos cortes suínos chamam atenção, da mesma forma. Na suã especial, a diferença chega aos 249,25%. O preço da salsicha a granel pode ficar 189,09% mais caro dependendo do lugar comprado. A coordenadora da pesquisa alerta que, nesses casos, a explicação está na qualidade do produto (com ou mais carne) e na marca oferecida.
 
A variação no preço do pernil – de 111,51% para o dianteiro sem osso e de 99,89% para o traseiro sem osso – fugiu às expectativas dos pesquisadores. O pernil dianteiro sem osso custa entre R$ 7,99 a R$ 16,90 o quilo. “Não tem muita lógica não. Acreditamos ser um pouco de especulação mesmo”, reforça Margareth. Os cortes de frango também registram diferença de preço expressiva, que vai de 79,15%, no caso da linguiça de peito de frango, a 84,75%, se a opção for pela sobrecoxa. Esse produto chega a custar R$ 11,99 o quilo em estabelecimentos na Região Centro-Sul e Oeste, enquanto é encontrado a R$ 6,49 nas regiões Noroeste e Barreiro.
 
Além da diferença de preço entre os estabelecimentos, o levantamento identificou aumentos nos preços da carne em julho. Os cortes bovinos encareceram 0,29%. Os suínos ficaram 0,12% mais caros, enquanto os cortes de frango sofreram aumento de 0,32%. O corte que registrou maior aumento foi o pernil dianteiro sem osso, de 2,35%. Entre as carnes de boi, os maiores aumentos foram os exibidos pelo acém, em 1,77%, e o filé-mignon, em 1,34%. Nos cortes de frango, os destaques ficaram por conta do aumento do preço da linguiça de peito de frango, de 0,86%, e da coxa, de 0,89%.
 
Peso na inflação
 
Análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) destaca que os preços dos alimentos tendem a continuar pressionando a inflação nos próximos meses, porém em ritmo menos intenso. Os pesquisadores do Ipea identificaram que houve períodos em que os alimentos representam quase 40% de toda a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação oficial. Eles concluíram que, num horizonte de três meses, aproximadamente 37% da variação do IPCA é explicada pelos choques dos alimentos no atacado, enquanto a variação do câmbio que interfere na formação dos preços responde por 7,6%. O estudo aponta ainda que a evolução recente dos preços da comida ainda é reflexo da desvalorização cambial de 2015.
 
Veículo: Jornal Estado de Minas


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