Potencial chinês sustenta mercado de carnes em crise de consumo interno

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Exportações de frango devem subir até 8% e vendas externas de suíno tendem a saltar de 26% a 28% com o ritmo de importações da China; preços altos à vista para o consumidor do Brasil


 
São Paulo - Os chineses ainda não lideram o ranking de exportações das três principais proteínas de origem animal do Brasil, mas a retomada e a aceleração nas compras de frango, boi e suínos, não só foram a válvula de escape durante a crise interna, como dão suporte para elevação nas projeções de embarques brasileiros de 2016.
 
No segmento de carne bovina, por exemplo, o País reabriu para importação há pouco mais de um ano e, assim como nas demais carnes, está entre os cinco principais destinos do comércio exterior.
 
"Tínhamos previsto uma alta entre 3% e 5% nas vendas externas de frango deste ano, mas agora estimamos um aumento de até 8% puxado pela China e outros países", projeta o vice-presidente de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. Para os suínos, a aposta é de embarques de 26% a 28% superiores em 2016. "A Rússia levava uma fatia de até 60% desse mercado. Ela continua com volumes elevados, mas agora a carne também vai para outros lugares. A novidade mais uma vez é a China", comenta o presidente da entidade, Francisco Turra.
 
Ainda no caso da carne de porco, especialistas do Rabobank acreditam que a forte demanda do gigante asiático, que provavelmente excederá 2 milhões de toneladas em 2016, continuará dando apoio aos preços globais da proteína no terceiro trimestre. "Isso resultará em um novo aumento no índice de preços do porco, que dará suporte às margens de todo o mundo", explica o analista de proteína animal do banco, Albert Vernooij, em relatório.
 
Na mesma linha, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, diz em nota que com os números dos chineses é possível atingir o mesmo patamar obtido pelo setor em 2014, de 1,5 milhão de toneladas. Para 2016, a expectativa é avançar 5% em faturamento e 12% em volume, diante das quedas obtidas no ano passado por retrações da Rússia e Venezuela.
 
Vale destacar que, além do câmbio mais fraco, abaixo de R$ 4, representantes de frigoríficos como Marfrig e JBS reduziram as vendas no mês passado no intuito de alavancar preços em dólar, uma vez que os chineses entraram em uma queda de braço para reduzir o valor praticado pelos cortes brasileiros.
 
Sampaio concorda que, de fato, houve uma redução no preço médio do boi, mas "queremos pressionar uma recuperação", diz. Para ele, a baixa nos rendimentos se estendeu a todos os mercados. Em reflexo disso, na avaliação semestral, houve um descasamento entre os resultados de volume e receita. Enquanto os embarques totais subiram 12%, para 736 mil toneladas, o faturamento cresceu apenas 1,3%, a US$ 2,8 bilhões. "Espero o segundo semestre melhor", projeta.
 
Segundo balanço da ABPA, entre os meses de janeiro e junho, o País embarcou 2,22 milhões de toneladas de frango, alta de 13,8% em relação ao mesmo período de 2015. As vendas renderam US$ 3,38 bilhões, 1,25% inferior. No caso dos suínos, as exportações saltaram 54,7% em volume, para 353 mil toneladas, com um faturamento igualmente no positivo: 14,8% maior, a US$ 634 milhões.
 
Reflexos domésticos
 
O primeiro semestre foi marcado pelo salto nos custos de produção, fechamento de plantas, desaceleração do consumo doméstico e redução do câmbio. "Se não tivéssemos puxado para fora seria um desastre. A nossa sorte foi que houve um grande volume de exportação", afirma Turra da ABPA. Mantida esta estratégia, "a disponibilidade [de carne] para o mercado interno vai ser bem inferior", destaca Santin. O vice-presidente lembra que no final do ano, o cenário deve "se apertar" um pouco mais, em referência a possíveis aumentos nos preços praticados pelo consumidor final.
 
Veículo: DCI


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