Pecuaristas paulistas perdem espaço e veem no confinamento uma saída

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Paralelo ao avanço do consumo de proteína animal no estado, a participação de São Paulo nos abates nacionais de bovinos vem caindo, gradativamente, ao passo que o Centro-Oeste assume protagonismo no setor.

A substituição da criação extensiva de bovinos pelo confinamento, ou semiconfinamento, e o aumento do volume de exportações podem ser alternativas para manter ou elevar a participação da pecuária paulista no volume de produção nacional, indica a Secretaria de Agricultura, por meio de um levantamento realizado pelo IEA. O crescente embarque de proteína animal para o exterior também pode contribuir para a evolução deste cenário.

Para o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, os indicadores são importantes para fomentar a discussão sobre o papel destas cadeias na produção pecuária paulista. Para o secretário, a análise do Instituto é fundamental também para elaborar estudos para aumentar a participação de São Paulo no mercado nacional e, ao mesmo tempo, garantir à demanda de consumo do estado.

Se antes o boi era a principal atividade paulista, hoje a cana está em evidência.

Embora a produção nacional de animais para abate tenha sido de 33,9 milhões de bovinos em 2014, o estado paulista teve participação de 10% nesse processo, contra 16% registrados em 2005.

Na avicultura de corte o quadro se replicou, com queda de 15% para 11% no mesmo período avaliado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção de suínos apresentou um leve decréscimo, de 6% em 2005 para 5% em 2014 a sua participação no mercado nacional.

Retração

Segundo a análise, no caso dos bovinos, verifica-se que, do ano de 2005 ao ano de 2014, houve uma retração de 2,71% e, com relação à produção paulista de aves para corte, a taxa de crescimento anual foi também negativa, porém, em 0,09% no mesmo período. Em sentido contrário, o rebanho paulista de suínos apresentou uma taxa de crescimento positiva de 2,47% ao ano. Em contrapartida, o consumo estadual de carnes manteve-se crescente, por conta do crescimento populacional.

Para o pesquisador da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, que atua no IEA, Carlos Roberto Ferreira Bueno, "a partir do instante em que os estados do Centro-Oeste passaram a assumir uma posição de maior destaque na produção de proteínas animais, principalmente na criação de bovinos, suínos e aves, foram alteradas as participações de todos os estados produtores em relação ao total de animais abatidos no País", observou Bueno, atribuindo o crescimento da produção de suínos e aves nesses estados ao cultivo de milho e soja, alguns dos principais insumos utilizados na alimentação animal.

O crescimento das atividades de bovinocultura na região central deve-se ainda às grandes extensões de terra, principalmente pela pastagem abundante e vantajoso valor. Já a avicultura e a suinocultura foram viabilizadas na região principalmente graças a grande oferta de insumos e à instalação de grandes empreendimentos de criação.

"São Paulo seria o terceiro estado no número de animais confinados em 2015 e a participação desses animais no volume estadual de abate seria de aproximadamente 16% em 2015", enfatiza Bueno. "Não ceder espaço para outras atividades de maior rentabilidade ou enfrentar a competição com outros estados que apresentaram um notável crescimento nesse setor parece ser o maior desafio para cada atividade de produção animal neste momento", avaliam os especialistas do IEA. Pode-se considerar que a produção paulista de proteínas animais nos últimos dez anos tem dificuldades para manter sua antiga participação percentual no ranking brasileiro.

 



Veículo: Jornal DCI


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