Na contramão da crise, empresa fatura com carne cordeiro

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Enquanto as notícias da economia não são favoráveis, a empresária Priscila Quirós segue na contramão e vive o melhor ano da empresa Quirós, especializada em carnes de cordeiro. A previsão é crescer 30% e fechar o ano com um faturamento de R$ 3 milhões, além de ampliar as vendas para outros estados. Hoje, a atuação é apenas em São Paulo.

A ideia de investir na área surgiu após a formatura no curso de administração e a vontade de empreender. O e-mail de um tio da Espanha sobre a comemoração de 100 anos da criação de cordeiro da família na região de Oviedo e de Quirós, chamou a atenção. "Tem uma cidade com o nosso nome e nossa família cria cordeiros há mais de 100 anos. Aquilo me chamou a atenção e comecei a pesquisar sobre minhas raízes e sobre o mercado de carne de cordeiro", conta Priscila, que já gostava da área de gastronomia.

Na mesma semana, Priscila leu uma notícia sobre o potencial do mercado de ovinos: o Brasil importava a maior parte da carne consumida e enfrentava alta de preços com o contrato fechado do Uruguai, principal fornecedor, com os Estados Unidos e Canadá.

Apesar da vontade de empreender, Priscila não tinha conhecimento na área e buscou ajuda de um consultor. "Eu misturei o conhecimento técnico dele com a minha vontade de fazer uma criação conceito. Hoje, as pessoas querem saber o que estão comendo, como esse animal foi tratado", diz.

O fato da empresa vivenciar um cenário próspero apesar da crise pode ser explicado, segundo Priscila, por uma combinação de fatores, que inclui a qualidade do produto e o relacionamento com os clientes. Para conseguir vender a melhor carne, a empresária foi buscar a melhor genética, o melhor manejo e a melhor alimentação para os animais, que bebem água mineral da nascente da fazenda. "Todo o aspecto de genética e de como o animal foi criado é 100% influenciável no resultado final da carne", explica.

O período de pesquisas e desenvolvimento do negócio durou cerca de dois anos e meio e exigiu um investimento inicial de R$ 6 milhões. "Foi muito difícil no começo, uma mulher no agronegócio, com 22 anos. Cresci muito nesse processo de formação", diz Priscila, que vende os produtos para restaurantes, empórios e hotéis, além de manter o e-commerce para a venda de kits de carne a partir de R$ 125. "Não precisa fazer uma refeição elaborada para comer o cordeiro. É possível fazer a carne com poucos ingredientes", completa.

Crescimento. Há um ano, Priscila começou a se questionar como seria feito o crescimento da empresa e convidou o irmão Augusto para cuidar da parte comercial e operacional da A ideia é retomar a distribuição para Minas Gerais e Brasília até o fim do ano e expandir as vendas para todo o Brasil.

A empresária não descarta abrir uma loja própria. "Tenho vontade, mas não sei quando ela poderia sair do papel", diz. O que deve começar a funcionar no semestre é a abertura da fazenda em Morungaba para visitação de pequenos grupos. A ideia é que as pessoas conheçam a criação e vivenciem uma experiência gastronômica. Mas o cuidado será para levar pequenos grupos para não estressar os animais. "Os visitantes deverão usar roupas com a mesma cor dos funcionários para evitar o estresse dos animais. Quer fazer isso uma vez por mês. Não é pra ganhar dinheiro, é mais institucional", exemplifica Priscila.

Diversificação. A empresária também tem planos de ampliar a linha de produtos relacionados à carne de cordeiro. Por enquanto, a Quirós vende um azeite especial produzido pela família na Espanha. O plano é expandir essa linha e seguir os estudos para a lançar vinhos.

Mercado. Para o especialista em food service e fundador da Food Consulting, Sergio Molinari, a carne de cordeiro é, por definição, destinada a um público com maior poder de compra. "Todo mundo comenta a evolução da classe C, mas se olhar a classe que mais cresceu nos últimos anos foi a AB, em porcentual", diz.

Mas se de um lado existe uma condição favorável relacionada ao poder aquisitivo da população, por outro existe um certo desconhecimento do produto. "Um crescimento expressivo de cordeiro sem dúvida tem condições de acontecer se existir, em paralelo, um processo de ‘aculturamento’ do consumidor com carne de cordeiro. O fator educação é chave para prosperar o cordeiro", afirma.



Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo




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