Redução dos abates pressiona contratos futuros do boi gordo

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                                 O papel referente ao mês de outubro é o de maior liquidez e caiu R$ 10 desde o dia 8 de abril, quando atingiu o valor máximo nominal de R$ 158



A queda na capacidade de produção dos frigoríficos, as perspectivas negativas para o consumo doméstico e a desvalorização dos insumos para o confinamento minam as expectativas dos investidores que apostam na alta dos contratos futuros do boi gordo na BM&FBovespa. Para Leandro Bovo, analista do Besi Brasil, os três fatores causaram a queda registrada nas últimas semanas nos papéis referentes aos meses do segundo semestre, que agora indicam preços abaixo de R$ 150/arroba no mercado paulista. No entanto, o especialista alerta que a tendência dos últimos pregões não garante preços melhores para a indústria na entressafra.

O papel referente ao mês de outubro é o de maior liquidez e caiu R$ 10,57 desde o dia 8 de abril, quando atingiu o valor máximo nominal de R$ 158,06. Na mesma base comparativa, o novembro chegou a R$ 147,70, de R$ 159,05 (-R$ 11,35). O contrato de maior valor na entressafra do boi é o dezembro, que registrou R$ 149,38 ao fim do pregão do início da semana.

"A readequação da capacidade de abate da indústria desarmou as expectativas de alta do mercado futuro", afirma Bovo, em entrevista ao Broadcast Agro, serviço em tempo real da Agência Estado. Frigoríficos ao redor do País têm optado por desativar unidades, conceder férias coletivas e pular dias de abate para limitar suas operações e, com isso, a sua demanda por bois. O objetivo é impedir o avanço da arroba em um ano em que a disponibilidade de gado para o abate é reduzida. "A indústria diminui suas operações num ambiente de menor oferta para não ficar espremida entre os preços do boi e da carne", afirma.

Ao mesmo tempo, a crise econômica enfrentada pelo Brasil em 2015 pesa sobre os negócios no mercado futuro, na medida em que o consumo interno será impactado. "Com certeza haverá uma retração de consumo relevante, não tem como ser diferente", avalia Bovo, sem, contudo, estimar um porcentual de queda. "Isso é uma consequência do aumento do desemprego, do comprometimento da renda com o pagamento de dívidas e da inflação. Esses fatores não nos deixam ter expectativas positivas para o consumo de carne bovina no segundo semestre", afirma.

Por fim, parte dos insumos para a alimentação dos bois em semiconfinamento e confinamento está mais barata este ano, nota o analista. Isto serve como incentivo para que mais pecuaristas adotem essa modalidade de engorda, o que tem reflexos sobre a oferta de animais no segundo semestre.

Arroba em queda?

Apesar do peso destes três fatores no mercado futuro, Bovo conclui que é cedo para estimar preços ainda menores no próximo semestre. Segundo o analista, há fundamentos que dão suporte à arroba, a exemplo da oferta reduzida de animais este ano. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que os abates caíram 7,7% no primeiro trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014 - o que é um sinal de oferta escassa. "Acreditamos que o segundo trimestre trará dados sobre abate menores", prevê Bovo.

A própria queda dos contratos futuros pode influenciar os negócios daqui para frente. De olho nos preços ao redor de R$ 147 em outubro, produtores podem concluir que o segundo giro do confinamento não é rentável e abandonar seus projetos. Com isso, a oferta tende a ficar reduzida na entressafra.

Desse modo, o analista do Besi Brasil prevê um meio termo para a cotação da arroba no segundo semestre. Não haverá quedas drásticas nem uma valorização do boi que comprometa as margens da indústria. "Deve haver um equilíbrio de preços num patamar que remunere minimamente tanto o pecuarista quanto a indústria", resume.



Veículo: Diário de Pernambuco


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