Mudança de rota do Marfrig

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                                O frigorífico brasileiro vende sua subsidiária irlandesa de aves Moy Park para a JBS, e reduz seu endividamento em 40%. Com isso, ganha musculatura para ampliar os investimentos nos mercados chinês e americano


O frigorífico Marfrig deixou para trás os seus sonhos de varejo na Europa. Sete anos após adquirir por US$ 680 milhões a marca de alimentos Moy Park, baseada na Irlanda do Norte, que abastecia os mercados europeus, a companhia do empresário Marcos Molina repassou o negócio para a JBS, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, por US$ 1,5 bilhão. Em troca, ganhou um fôlego renovado na luta por se livrar do endividamento preocupante dos últimos anos. A operação permitirá, ainda, à Marfrig fortalecer sua musculatura para investir em novos mercados para a carne bovina, seu principal negócio, em especial, na China e nos Estados Unidos.

“Estou muito satisfeito com a realização do negócio”, disse Molina, em conferência com analistas de mercado, na segunda-feira 22, para anunciar a transação. “Ele consolida a nossa estratégia e significa que melhoramos a nossa estrutura de capital.” A Marfrig, que registrou receita líquida de R$ 15,5 bilhões, em 2014, tinha poucas opções a não ser vender ativos. Pelos últimos anos, tem buscado reduzir o seu endividamento. Uma importante medida adotada foi a venda, em 2013, da sua unidade de produtos industrializados Seara, também para a JBS, que assumiu dívidas de R$ 5,85 bilhões.

Mas o movimento não fora suficiente para solucionar a alta alavancagem da empresa. Agora, os recursos com a venda do Moy Park devem ser quase que completamente usados para a redução da dívida, afirmou Molina. Com isso, a empresa espera baixar a sua dívida bruta para cerca de R$ 5 bilhões, contra os R$ 13 bilhões do fim do primeiro trimestre deste ano. Dessa forma, a alavancagem passará da faixa de 6,2 vezes o valor do Ebitda da companhia para um nível em torno de 4 vezes. “Com a transação, esperamos atingir antecipadamente o objetivo de alavancagem de 2,5 vezes, que estava programado para 2018”, disse Marcelo Di Lorenzo, vice-presidente de relações com investidores.

“Havia a expectativa de fazermos duas operações, uma na Moy Park e em mais outra divisão, mas optamos por uma só. Agora, não vamos mais mexer em outras empresas do grupo.” Segundo ele, o grupo Marfrig ficará restrito a apenas duas divisões no mundo, o frigorífico Marfrig Beef, baseado na América do Sul, e a americana Keystone, focada em vendas para empresas de alimentos, como o McDonald’s. O mercado de ações recebeu bem a transação. Os papeis da companhia subiram 10,8%, entre a segunda-feira e a quinta-feira passada. “O mercado estava esperando alguma decisão, porque diminuir a alavancagem era uma questão muito importante para a Marfrig”, diz Luciana Carvalho, analista do BB Investimentos.

Agora, espera Luciana, a Marfrig vai se voltar para alcançar mais eficiência de produção. “A Moy Park era um bom negócio, mas tinha um foco muito específico no varejo, diferentemente das demais divisões do grupo”, afirmou o CEO Martin Secco, que assumiu o comando do grupo em fevereiro. Pelo lado da compradora, a JBS, o impacto da negociação não deve afetar substancialmente o seu nível de endividamento, já que a empresa tem um maior porte, com faturamento anual de R$ 120 bilhões. Como benefício, a empresa goiana poderá explorar o mercado europeu, o que não conseguia com a marca Seara, que tem maior força e presença no Oriente Médio.



Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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