Cotação elevada do produto bovino leva os consumidores a migrar para itens mais acessíveis
Os preços dos cortes suínos têm subido no decorrer deste mês e têm tendência de permanecer em alta devido à maior demanda. O cenário é favorável devido a uma combinação de fatores, que une a queda das temperaturas, o que estimula o consumo da carne suína; a manutenção dos preços mais altos da carne bovina, que levam os consumidores a migrar para carnes mais acessíveis; e a época do ano, quando normalmente a remuneração ao produtor começa a melhorar.
A avaliação foi feita pelo presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Antônio Ferraz. De acordo com informações da própria Asemg, o quilo da carne suína é negociado atualmente, em média, a R$ 3,70. E a situação atual da atividade é sustentável, uma vez que a maior demanda por cortes suínos também tem colaborado para elevar a comercialização das carcaças e, conseqüentemente, aquecer a procura pelo animal vivo terminado, garantindo sustentação ao mercado.
"Este cenário deve perdurar porque a procura tende a aumentar a partir desta época do ano e a carne bovina, que é nossa principal concorrente, está muito cara. Isso deve fazer com que os preços continuem aumentando", afirma Ferraz. Outro fator que segundo ele pode ajudar a incrementar ainda mais a demanda são as vendas de carne suína para a China.
"Uma nova missão da China está vindo para o Brasil para credenciar novos frigoríficos e, com os chineses comprando, o mercado interno vai esvaziar e os preços devem atingir R$ 4,00 em pouco tempo, porque o número de matrizes está estável em relação ao ano passado", acrescenta o presidente da Asemg.
Ferraz explicou que a suinocultura brasileira cresce, em média, 3% ao ano, índice que não seria capaz de sustentar o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado doméstico, o que poderia, por conseqüência, levar a uma alta expressiva dos preços da carne suína no País.
Remuneração - De acordo com o representante dos suinocultores de Minas, o setor passou por uma grave crise em 2012, o que deixou os produtores descapitalizados e desestimulados a permanecer na atividade. No entanto, desde o ano passado, os produtores vêm sendo melhor remunerados e vêm ganhando fôlego para investir no aumento da produtividade.
Além disso, coincidentemente, os preços dos principais insumos alimentares, a soja e especialmente o milho, que responde por 70% dos custos, estão mais baratos. "Isso ajuda, mas não é a solução e não almejamos isso porque os preços baixos desses produtos sacrificam os produtores dessas culturas, que podem acabar migrando para outras atividades. Esse foi um dos motivos da crise de 2012", observa.
Em termos de exportações, com base nos dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), os embarques mineiros de carne suína despencaram 71,6% em volume durante os cinco primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2014. Isso ocorreu em virtude da suspensão das negociações com a Rússia, um dos principais compradores do produto.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG
