Queda observada nas exportações e entrada de produtos do Sul do País no mercado mineiro afetam o produtor
A queda observada nas exportações de carnes suínas tem provocado aumento da oferta no mercado interno e redução dos preços pagos aos produtores em Minas Gerais. Assim como observado no setor de frangos, a produção do Sul do País tem abastecido o mercado mineiro causando prejuízos aos produtores locais e comprometendo a capacidade de investimento.
A expectativa é que as negociações com a Rússia, um dos principais compradores da carne suína mineira, sejam retomadas em maio, o que poderá reduzir a oferta de carne no mercado interno.
De acordo com o vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Pena, os custos de produção em algumas regiões estão empatando com os preços recebidos. Do início do ano até a última quinta-feira a queda nos valores pagos aos suinocultores chegou a 25%.
"O quilo do suíno vivo em Minas Gerais está em torno de R$ 3,30, valor que empata com os custos da Zona da Mata, por exemplo, e fica pouco acima das demais regiões, que já trabalham com os gastos em média a R$ 3,00 por quilo do suíno vivo. Com essa margem limitada os suinocultores perdem o poder de investimento", avalia.
Informações da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) mostram que somente no primeiro trimestre o faturamento gerado com as exportações mineiras de carne suína caiu 75%, somando US$ 9,7 milhões. O volume embarcado, no período, ficou 70% inferior quando comparado com igual intervalo de 2014, com o embarque de 3,7 mil toneladas.
Ritmo - Segundo Safras & Mercado, com base nas informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), a situação do mercado suinícola do País pode melhorar caso as exportações mantenham o ritmo observado no começo de abril, o que reduziria a oferta no mercado interno e estimularia a retomada dos preços.
De acordo com o levantamento, no país as exportações de carne suína in natura somaram 12,5 mil toneladas no acumulado dos primeiros sete dias úteis de abril, com faturamento total de US$ 30 milhões. A média diária ficou em 1,8 mil toneladas, incremento de 28,1% se comparado à média de 1,4 mil toneladas registrada no mês anterior.
"Com a maior oferta de carne no mercado nacional, os frigoríficos estão pressionando para que os preços pagos aos produtores mineiros sejam, novamente, reduzidos, apesar deles não repassarem a queda dos valores para o consumidor final, o que estimularia o consumo. A situação é complicada para os suinocultores que, devido à necessidade de esvaziar as granjas e quitar dívidas, acabam vendendo a preços menores. Na próxima semana vamos nos reunir com os representantes dos frigoríficos para entendermos melhor a situação e buscar um acordo", diz.
Diante dos gargalos, várias ações vêm sendo desenvolvidas pela Asemg e parceiros para que a carne suína produzida em Minas Gerais seja diferenciada e tenham maior valor agregado. Uma delas é a criação do Dia da Carne Suína Mineira, que será comemorado em 4 de maio.
Neste primeiro ano, o evento, que ocorrerá no Mercado Central de Belo Horizonte, vai reunir representantes do setor para o lançamento do programa Origem Minas, que tem como objetivo diferenciar e promover a carne suína. Até meados do ano, também será lançado programa de certificação do produto.
"Com esses projetos queremos valorizar e incentivar o consumo da carne suína mineira. No caso da certificação, o produtor que atender às regras de qualidade e sanidade estipuladas terão os produtos identificados com um selo de qualidade, o que agregar valor", ressalta Cardoso Pena.
Veículo: Diário do Comércio - MG
