Segundo a Asemg, com a demanda menor, produtores do Estado estão recebendo 25,7% a menos por arroba
A instabilidade econômica, o aumento da inflação e a redução do poder de compra dos consumidores brasileiros estão provocando queda no mercado de suínos em Minas Gerais. Com a demanda menor, somente entre janeiro e a terceira semana de março, os preços pagos pelo suíno vivo recuaram 25,7%. No período, além do menor valor pago pelo suíno, o setor ainda enfrentou o aumento dos custos de produção e queda nas exportações.
De acordo com o vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Penna, o segmento está apreensivo, mesmo com informações favoráveis para o setor no mercado futuro. A manutenção dos preços do boi gordo em alta e a definição das cotas de importação dos principais compradores da carne suína brasileira, prevista para sair nas próximas semanas, são favoráveis para o setor.
"A situação econômica do país tem interferido no desempenho da suinocultura. O que observamos nos primeiros meses do ano foi que o aumento da inflação, do desemprego e o maior comprometimento da renda dos consumidores fazendo com que a demanda pela carne suína fosse reduzida. Nossa expectativa é a de recuperar os preços ao longo dos próximos meses, quando entraremos no período de entressafra do boi gordo e com a definição das cotas de importação dos principais países que negociam com o Brasil", avalia.
Somente nas exportações mineiras, a queda nos primeiros dois meses do ano chegou a 63,27% em faturamento, que encerrou o período movimentando US$ 8,19 milhões e retração de 61% em volume, com a exportação de 2,3 mil toneladas de carne suína.
Oferta - Com a maior oferta no mercado interno de Minas Gerais, a redução dos preços pagos aos suinocultores chegou a 25,7%, com a cotação do quilo do animal vivo saindo de R$ 4,40 em janeiro para R$ 3,50 na terceira semana de março. Com a retração, a margem de lucro na atividade está menor, uma vez que os custos de produção variam entre R$ 3,20 e R$ 3,40, dependendo da região produtora.
"Apesar dos preços pago ao produtor terem recuado, os frigoríficos e o mercado varejista não repassaram a queda para os consumidores, o que mantm a demanda em baixa e prejudica ainda mais os suinocultores, que diante da desvalorização do real frente ao dólar estão com os custos mais elevados. Não é justo que imponham preços baixos para os produtores sem que ocorra o repasse aos consumidores, por isso, estamos apreensivos com esta situação", ressalta Cardoso Penna.
O cenário desfavorável pode começar a ser superado no próximo mês. A expectativa é de retomada dos preços e das exportações o que acontecerá com a definição das cotas de importação. A Rússia, que é a principal compradora de carne suína, deve retomar os embarques e ampliar o volume, podendo responder por até 50% dos embarques do produto. Além disso, é grande a expectativa em relação às negociações com os mercados chinês, japonês e coreano, onde a demanda pelo produto é crescente e a produção inferior. A possibilidade de exportar para Singapura e África do Sul, se concretizada, também será positiva para o setor.
Outro fator que deve favorecer a retomada dos preços é a redução da produção mineira. De acordo com Cardoso Penna, com os preços baixos praticados no mercado e o aumento dos custos, muitos produtores tÊm negociado animais mais leves, o que ajudará a controlar a oferta no mercado interno.
Veículo: Diário do Comércio - MG