Queda no preço do petróleo afeta o desempenho da exportação de carnes

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Em janeiro, redução nos embarques de suínos, aves e bovinos ultrapassou as expectativas dos segmentos, porém, Europa, Ásia e Nafta continuam no radar; movimento ajuda a ajustar oferta

 



 O primeiro mês do ano, sazonalmente, tem a exportação mais fria, entretanto, a derrubada nos embarques de carnes - de quase 20% - veio maior do que o esperado. Isso porque alguns dos principais importadores tiveram o poder aquisitivo pressionado pela queda no preço do petróleo e as apostas de recuperação ficaram para o segundo trimestre deste ano.

Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostram que as vendas externas de carne bovina, em janeiro, tiveram um forte recuo de 23,4% em valor e 26,1% em volume, contra o mesmo mês do ano passado . No frango, as baixas foram de 14,2% e 9,6%, respectivamente, tal como as de suíno, fixadas em 19,8% nos valores e 18,9% em milhares de toneladas.

Bovino

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, conta que o efeito dos valores do petróleo foi mais intenso nas compras da Venezuela, que figura entre os dez maiores importadores de carne bovina do País.

"Na Rússia, além do preço desta commodity [petróleo], existe o conflito político e a desvalorização da moeda. Vou concordar que o primeiro trimestre deste ano foi atípico se comparado ao do ano passado", admite o executivo. Entretanto, Camardelli acredita que este cenário não seja suficiente para mudar as expectativas positivas para ano e a retomada nos embarques deve acontecer em meados do segundo trimestre.

Segundo a entidade, o Brasil faturou US$ 7,2 bilhões com as exportações de carne bovina em 2014, pelo envio de 1,56 milhão de toneladas. Para 2015, a estimativa é chegar aos 1,7 milhão em volume e bater os US$ 8 bilhões. Para tanto, são esperados fatores como a retomada de mercado na China e Arábia Saudita, e a abertura dos Estados Unidos para carne in natura.

Vale lembrar que os embarques aos norte-americanos abrem portas para outros países com as mesmas exigências sanitárias, México e o Canadá.

Para o analista da Scot Consultoria, Alex Lopes, o desempenho das exportações no decorrer do ano pode estar muito atrelado à movimentação de preço do combustível fóssil, que veio como um agravante para um segmento que vê no mercado internacional a saída para expansão, uma vez que a economia doméstica está em retração e o consumo interno não tende a ajudar.

"A situação econômica do País acabou desenhando um cenário complicado para os frigoríficos e a sustentação do preço da arroba vai ser a falta de oferta neste ano", acrescenta o especialista.

Aves e suínos


A comercialização das duas proteínas animais que têm concorrência direta com o bovino foi afetada pelos mesmos problemas. "Venezuela, Rússia e Angola importaram menos porque o preço do petróleo esfarelou de uma forma significativa e isso diminuiu o poder de compra desses países", afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.

No suíno, o executivo ainda ressalta a impossibilidade de transporte de mercadorias pelos portos russos entre os meses de dezembro e janeiro. Neste segmento, entram no radar o México, Coreia do Sul e União Europeia.

"A queda nas exportações surpreendeu? Sim, mas não tirou nossa expectativa de crescer no mercado internacional", comenta Turra. Para o analista da consultoria Safras & Mercado, Allan Hedler, a perspectiva é positiva e o segmento de suínos deve melhorar a partir de março. Porém, o produtor pode se voltar um pouco mais para o mercado interno.

Para as aves, a aposta é embarcar para o Vietnã e Malásia. De acordo com o presidente da ABPA, uma grande oportunidade está na abertura de mercado para a Indonésia, que pode acontecer neste ano.

Assim como no suíno, a recuperação no frango está prevista para o próximo mês. "De maneira geral, esse recuo nas exportações é normal para o setor em janeiro e fevereiro. Neste período, costuma-se alojar uma quantidade menor de pintinhos para que não fique um excedente no mercado interno", explica o analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Augusto Maia. Além da menor produção, em março, o aumento das exportações tende a reforçar o cenário de demanda superior à oferta.

O especialista do Cepea lembra que quase 80% do frango produzido no Brasil vai para o consumo doméstico e, neste mês, já foi possível enxergar sinais de recuperação impulsionados pela retomada das aulas nas escolas e pelo consumo alternativo da proteína puxado pela alta no bovino.



Veículo: DCI


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