Marfrig deverá contratar em Alegrete

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PDV somou 330 adesões, exigindo treinamento de empregados na área de desossa a fim de manter a produção

 



Há pouco mais de um mês, o Marfrig Global Foods pretendia fechar o frigorífico de Alegrete e demitir cerca de 620 empregados. Agora terá de contratar. A mudança radical é efeito da adesão de mais da metade do atual quadro ao Programa de Demissão Voluntária (PDV), acertado entre a empresa e o sindicato dos trabalhadores, com mediação do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4). Decidiram permanecer na planta apenas 285 funcionários, abaixo dos 300 acertados no acordo firmado em 5 de fevereiro, após duas rodadas de negociação na sede do TRT4 em Porto Alegre.

A direção do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Alegrete (STIAA) informou que espera que pelo menos 50 vagas sejam abertas, resultado de outros ajustes no quadro, como demissões de empregados que não se candidataram ao PDV. “Ela (a direção da empresa) tem carta branca para agir”, explicou o dirigente sindical. O presidente do STIAA, Marcos Rosse, comentou que houve fila de trabalhadores para a inscrição ao programa, que prevê o pagamento de verbas rescisórias (as mesmas de demissão em justa causa) e indenização no valor de três vales de refeição mensais (R$ 450,00). Rosse detalhou que foram 328 inscrições no PDV e mais duas demissões voluntárias.

A partir da próxima segunda-feira, o sindicato programou 66 rescisões por dia até completar o quadro a ser enxugado. A direção do STIAA avalia que a empresa deverá alcançar número de 310 funcionários na unidade. Além de ter de completar o quadro, o Marfrig está deslocando integrantes das plantas de São Gabriel e Alegrete (de abates) para treinar a mão de obra em Alegrete que não atuava em desossa (85 dos 125 empregados do setor aderiram ao PDV), única operação que deve ser feita no município. “Teve setor que ficou sem gente para funcionar”, observou Rosse. O sindicato e a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) negociam reajuste em acordo com a Marfrig para as quatro plantas (três de abates/desossa e uma de corned beef, em Hulha Negra). Os trabalhadores querem 16% de aumento, seguindo o piso regional, ainda indefinido devido à suspensão judicial.

A suspensão de abates de animais valerá enquanto for mantida a menor oferta de matéria-prima, segundo dirigentes do Marfrig que fizeram o acordo. A previsão é de voltar a receber animais vivos na primavera, estação de maior safra da produção no campo. A companhia alegou, ao comunicar ao governo e trabalhadores em 12 de janeiro a intenção de desativação do frigorífico, que ocorreria em 5 de fevereiro, que a irregularidade no fornecimento de bovinos gerava ociosidade de mais de 50%. A pecuária de corte no Estado, cuja oferta para processamento se mantém em pouco de 2 milhões de cabeças, registra desde o começo de 2014 valorização crescente de preços, que abriram 2015 com mais altas, segundo o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

Crescimento de exportações de carnes e do consumo interno de cortes mais nobres ajuda a manter em alta os preços ao produtor gaúcho, que lideram as cotações nas praças da pecuária de corte no País. O diretor da companhia na região Sul, Rui Mendonça, informou, no começo de janeiro, que a intenção é processar 450 carcaças de bovinos por dia em Alegrete, oriundas de abates nas duas plantas gaúchas e também de unidades do Marfrig em outros estados.
MPT se surpreende com resultado e aponta restrições em jornada de trabalho

Até o Ministério Público do Trabalho (MPT) de Uruguaiana, que atuou na busca de acordo para evitar o fechamento da planta, ficou surpreso com o resultado do PDV. O procurador Eduardo Trajano Cesar dos Santos identificou entre os trabalhadores que faziam fila na unidade para o programa de demissão, no começo da semana passada, casos que poderiam se aposentar em seis meses e estavam saindo. “Muitos acham que podem ser recontratados mais à frente”, especulou o procurador. “A manutenção da planta foi uma vitória, pois o Marfrig queria fechar impedindo a exploração econômica até 2031, medida socialmente absurda”, opinou Santos.

Além do ajuste do quadro, ainda há definições ligadas à planta. Vistoria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) pelos procuradores do MPT avalia se poderá ser adotado banco de horas. A previsão foi feita no acordo firmado no TRT4, mas limitada às condições legais. Santos explicou que a atual jornada da mão de obra já está acima da permitida no artigo 60 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que restringe a oito horas diárias quando o trabalho é insalubre. O Marfrig foi notificado a apresentar documentos. O MPT entende que não é possível adotar banco, devido à exposição do trabalho, que é muito cansativo. “Acredito que não haverá, e será preciso autorização da base”, explicou Santos.
Josapar contrata financiamento de R$ 23,7 milhões

A empresa de produtos alimentícios Joaquim Oliveira S/A Participações (Josapar), dona da marca de arroz Tio João, enviou ontem comunicado ao mercado no qual informa que formalizou o registro na quinta-feira passada, dia 12, de contrato de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) no valor de R$ 23.756.000,00 para investimentos.

Conforme o comunicado, o objetivo é construir uma unidade completa de recepção, secagem e armazenagem de arroz na cidade de Dom Pedrito. Segundo a Josapar, a localização estratégica visa a ampliação de captação de matéria-prima dos produtores e agentes das regiões de Dom Pedrito, Bagé, Quaraí, Rosario do Sul, Santana do Livramento e São Gabriel, “garantindo o fornecimento de variedades nobres que garantem a qualidade superior da principal marca da empresa, o Arroz Tio João”.

O projeto faz parte do programa Bndes Cerealistas, com condições de 12 anos de prazo e encargos financeiros de 6% ao ano. A data prevista para a entrada em operação da unidade é fevereiro de 2016.
Fetag-RS faz mobilização de produtores de leite

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) pretende reunir produtores de leite na praça central de Guarani das Missões (RS), amanhã, a partir das 9h30, em protesto contra a crise na cadeia leiteira do Estado.

O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, diz que federação está empenhada em chamar a atenção da população urbana e da sociedade sobre os problemas enfrentados pelo setor.

Na terça-feira da semana passada, dia 10, uma “força-tarefa” formada por políticos, autoridades e entidades representativas do setor leiteiro do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina esteve em Brasília para uma série de reuniões com objetivo de negociar um alívio para o setor, prejudicado pelos escândalos decorrentes da Operação Leite Compensado, da Polícia Federal, que investiga casos de fraude.

Ficou acertado, entre outras medidas, que o governo federal vai disponibilizar R$ 20 milhões para compra de excedente de leite em pó e de leite UHT produzido na região Sul do País.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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