Pescado fica até 26% mais caro no Estado

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A pouco mais de 40 dias para a Sexta-Feira Santa, o preço do pescado continua subindo nos mercados municipais de Belém. Ontem, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-Pará) divulgou uma pesquisa, referente a janeiro passado, que aponta alta de diversas espécies de peixe, com reajuste de até 26,30%, no caso de xaréu. O percentual está muito acima da inflação, hoje em torno de 6,5%. No mesmo mês, poucos tipos de pescado apresentaram recuo nos preços, com destaque para uritinga, que teve queda de 11,11%. O levantamento foi feito em parceira com a Secretaria Municipal de Economia (Secon).

Em janeiro deste ano, depois de xaréu, a corvina foi a espécie de peixe que registrou maior aumento de preço (16,97%), seguida de piramutaba (16,18%). Os tipos de pescado peixe pedra, pescada gó e do tamuatã sofreram alta na faixa de 14%. Outras espécies que tiveram reajuste acima da inflação foram apajari (11,83%), tainha (11,67%), gurijuba (11,51%), peixe serra (11,18%) e mapará (9,09%). Peixes tradicionais à mesa do belenense como dourada, filhote, pescada branca e tambaqui também são destaques na relação dos maiores aumentos, com percentuais de 8,95%, 8,74%, 8,66% e 7,32%, respectivamente.

No mesmo período, a sarda e o cação tiveram aumento na margem da inflação. Na lista de espécies que registraram altas abaixo de 6%, o Dieese-Pará informa que são pratiqueira (5,97%), pacu (5,52%), pescada amarela (4,65%), tucunaré (4,37%), bagre (4,05%), camurim (3,96%), traíra (3,21%) e aracu (1,11%). Quanto às espécies que apresentaram queda de preços, o órgão ressalta uritinga, com baixa de 11,11%, sardinha (2,54%) e pirapema (1,18%).

A pesquisa do Dieese aponta que a situação atual é parecida com a dos últimos 12 meses (janeiro de 2014 a janeiro deste ano), período em que a quase a totalidade das espécies apresentou aumentos, sendo uma quantidade expressiva em percentuais acima da inflação. Nesse intervalo analisado, o cação subiu quase metade do preço. As espécies que ganham destaque na sequência são sardinha (28,90%), peixe serra (19,46%), gurijuba (17,30%), pratiqueira (15,58%), mapará (13,29%), xaréu (11,69%) e pescada gó (11,46%).

Abaixo de 10% de aumento nos últimos 12 meses, estão os pescados pacu (9,38%), corvina (8,78%), tainha (8,46%), tamuatá (8,26%), tambaqui (8%) e peixe pedra (7,17%). Também no mesmo período, poucas espécies de pescado apresentaram recuos de preços, como camurim, que teve queda de 15,25%; seguido de curimatã (14,39%), tucunaré (12,25%) e piramutaba (9,69%).

Na avaliação do Dieese-Pará, a tendência é de que novos aumentos sejam repassados ao consumidor nos próximos dias em todo o Estado. A instituição explica que as justificativas para essas elevações “rotineiras e abusivas” são diversas e, em relação ao reajuste do último ano, até mesmo esperadas, em virtude de “problemas conjunturais” que envolvem a comercialização do pescado em todo o Estado. Neste contexto, o órgão acredita que o Pará “ainda carece de uma política mais ampla que consiga abranger de forma macro toda a cadeia do pescado, da produção até a comercialização do produto”, apesar de alguns avanços no setor.

CONSUMIDORES


A dona de casa Andreia Cristina da Silva foi ao Mercado Municipal da Pedreira, ontem de manhã, para comprar gó e piramutaba para o almoço. Embora tenha pagado um preço maior que o de costume, saiu com a sacola mais vazia do local. “Os preços estão altíssimos. Acho que tem aumentado demais faz tempo. Tenho comprado até menos. A gente gosta de peixe, mas nem toda semana dá para levar para casa”, lamentou. Ela informa que o gó comprado ontem foi quase 50% mais caro que o de costume. A dona de casa também observa que a piramutaba, antes vista por R$ 9, está saindo a R$ 13.

No mesmo local, o vendedor autônomo Rubens Rosa geralmente compra dourada, porém precisou abrir mão da frequência do hábito por conta do preço do pescado. “Subiu bastante. Antes, pagava na dourada R$ 12. Agora, não encontro por menos de R$ 18. É uma diferença bastante elevada”, comparou. “Consumia toda semana, mas não dá mais com esses preços. Infelizmente, a tendência é aumentar para a Semana Santa”, completou.

A tendência observada pelo consumidor é confirmada pelo peixeiro Alberto Nascimento, que trabalha há mais de 30 anos no Mercado Municipal da Pedreira. Ele comenta que precisou subir preços de algumas espécies de peixe em até 100% para não ter prejuízos.  “Esse aumento sempre acontece no início de ano, mas depois abaixa. É que o peixe também chega mais caro para a gente, porque os pescadores não viajam em dezembro. Para a Semana Santa, talvez aumente mais um pouco”, adiantou. No seu ponto de venda, as espécies mais procuradas são dourada e gó, comercializados na faixa entre R$ 12 e R$ 15.

De acordo com o Dieese, entre o pescador e o consumidor, o custo da maioria do pescado vendido no Estado é mais que o dobro do preço, o que afeta uma “grande parcela” da população, especialmente os trabalhadores assalariados que representam cerca de 40%. Em contraste à essa situação, o Pará está entre os maiores produtores de pescado do país.



Veículo: O Liberal - PA


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