O frigorífico Big Boi, do norte do Paraná, interrompeu o abate de bovinos devido à baixa oferta de animais disponíveis na região e por condições ruins de mercado, disse um executivo da empresa
Cerca de 150 do total de 500 funcionários da unidade, localizada em Paiçandu, município ao lado de Maringá, foram demitidos na semana passada, com rescisões sendo assinadas ao longo desta semana, informou o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação da região (Stiam).
O setor de desossa permanecerá funcionando e o frigorífico deverá continuar fornecendo carne para a região de Maringá a partir de carcaças compradas de outras regiões do país.
A decisão da empresa é um exemplo da situação difícil enfrentada atualmente por algumas companhias do setor de carne bovina em todo o país.
Culpa do clima
A seca que afeta pastagens em diversas regiões do Paraná desde o ano passado, além de gargalos na reprodução de animais, tem reduzido a oferta às indústrias, catapultando os preços do boi gordo a patamares recordes e apertando as margens dos frigoríficos, que não conseguem repassar aos consumidores toda a alta no custos de produção.
"É uma junção de fatores. Uma das razões é a falta de matéria-prima. É uma coisa que acaba inviabilizando algumas opções de negócio", disse o gerente da unidade, Alex Costa, por telefone. Segundo o executivo, a capacidade instalada do frigorífico é de abater 650 a 700 bovinos por dia.
Nos últimos tempos, a unidade paranaense vinha operando em apenas dois ou três dias na semana, dependendo da disponibilidade de animais, disse Costa. "É o único frigorífico de boi ativo na região. A produção de boi nessa região é muito pequena", disse o tesoureiro do Stiam, Roberto Pino de Jesus.
Há cerca de três anos, a gigante JBS fechou um frigorífico em Maringá, demitindo centenas de funcionários. Na quarta-feira o indicador Esalq/BM&FBovespa do boi gordo fechou em R$ 143,15 a arroba, não muito distante da máxima histórica de R$ 145,48 registrada em 2014. /Reuters
Veículo: DCI