Marfrig fecha acordo com trabalhadores de Alegrete

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Negociação garante 300 empregos e frigorífico aberto por 12 meses

 



Marfrig e sindicato de trabalhadores chegaram a um acordo para manter aberto por, pelo menos, 12 meses o frigorífico da empresa em Alegrete. A negociação, firmada nessa quinta-feira no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) em Porto Alegre, garantiu também a manutenção de 300 dos 621 empregos existentes. Os outros 321 poderão aderir a um plano de demissão voluntária (PDV) ou pela transferência à unidade de abates de São Gabriel. Empresa e sindicalistas projetam que quase a totalidade acabará sendo demitida. Para ocupar a planta de Alegrete, a Marfrig trará carcaças abatidas em operações frigoríficas da companhia situadas no Rio Grande do Sul (São Gabriel e Bagé) e em outros estados. 

O diretor da empresa na região Sul, Rui Mendonça, informou que a oferta do PDV deve começar na próxima terça-feira e a adesão deve ficar aberta por três dias. Depois disso, começam os cortes. Tanto no PDV como na rescisão involuntária serão pagos direitos trabalhistas da dispensa sem justa causa e indenização no valor de três vales refeição (R$ 150,00 cada um), totalizando R$ 450,00. Mendonça explicou que os critérios para definir quem fica e quem será cortado observará critérios como a função na linha de produção. Devem ter prioridade empregados da linha da desossa, que será a principal área na operação.

“Vamos abater só quando o mercado permitir (oferta de boi), e se concentrará na primavera”, adiantou o diretor, indicando o período de setembro a novembro, considerado de safra da pecuária de corte por concentrar mais de 30% da oferta de bovinos. O acordo reverteu o fechamento da unidade, que foi anunciado em meados de janeiro pela direção do grupo. Se tivesse sido mantida a ordem, o seria demitido. “Bom acordo nunca é, pois vão ser demitidas cerca de 300 pessoas”, observou o presidente do Sindicato dos Trabahadores da Indústria da Alimentação de Alegrete, Marcos Rosse. “Mas revertemos o que estava certo, que era fechar. Agora é grande a possibilidade que fique aberto além de um ano”, acredita.

Segundo o sindicalista, a categoria buscará entidades ligadas a produtores rurais e prefeituras da região para criar condições à manutenção. Um dos pedidos do grupo é ajuda do município para custear o transporte dos trabalhadores entre o centro e a planta. O Estado avalia ainda a compensação de gastos com água e energia pela indústria com os créditos de ICMS gerados na exportação, além de restrição ao envio de animais vivos para outros mercados no País e exterior. Eventual taxação sobre a chamada venda de gado em pé tem forte oposição de produtores locais.

Na negociação no TRT4, a terceira audiência em duas semanas, o sindicato e a federação de empregados da alimentação conseguiram aprovar a proposta de manter 300 vagas. Assembleia do sindicato, na terça-feira, com mais de 400 empregados do frigorífico, havia dado o aval para fechar um acordo neste patamar e sem redução de jornada e salário, ofertas da Marfrig, que também propôs 250 empregos. “Quem ganha não é o sindicato, mas o Alegrete”, avisou Rosse. “Foi o melhor possível”, qualificou o executivo da empresa sobre o acerto, lembrando que a intenção era desativar a operação. A justificativa é que a matéria-prima insuficiente gera prejuízos e baixo retorno.

No acordo, que foi saudado com aplausos duas vezes pelos participantes da audiência de mais de duas horas, a companhia aceitou repassar a planta a um terceiro, desde que ressarcida de investimentos já feitos na unidade. O contrato atual com o Mercosul responsável pelo ativo, mantido desde 2009, vai até 2031, sem despesa com aluguel. Na ata que formalizou a negociação, o grupo se compromete a manter a planta “com a intenção de perenidade”.

Nesta segunda-feira, começam os preparativos para retomar a operação, após um mês parada devido a férias coletivas. Liminar da Justiça do Trabalho impediu as demissões para fechamento da unidade. A capacidade das três plantas de abates da companhia no Estado é de 2,1 mil bovinos ao dia, mas a média em 2014 foi de 1,2 mil, 10% da produção diária do grupo. Alegrete deve receber volume equivalente a 500 cabeças.




Veículo: Jornal do Comércio - RS


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