Setor de caprinos e ovinos se prepara para expansão

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Produtores investem em qualificação para atender demanda de frigorífico no Norte do Estado

 



A produção de ovinos e caprinos de corte em Minas Gerais deverá ser alavancada nos próximos anos. A expectativa é da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite/Accomig), que apoia a inauguração, prevista para o final do ano, de um frigorífico especializado, em Poté, na região Norte do Estado. Desde o ano passado, várias ações para estimular o aumento do plantel para abastecer a indústria têm sido desenvolvidas no Norte e Nordeste do Estado.

De acordo com a presidente da Caprileite/Accomig, Aurora Maria Guimarães Gouveia, as expectativas em relação à produção de ovinos e caprinos para a produção de carne no Norte e Nordeste do Estado são muito favoráveis. Para ela, só é possível estimular a produção quando a cadeia (produção, beneficiamento e mercado comprador) está estruturada.

"A instalação de um frigorífico que abata, entre outros animais, os caprinos e ovinos, foi fundamental para que pudéssemos desenvolver um trabalho de estímulo à produção nas regiões Norte e Nordeste do Estado. Nosso projeto tem o objetivo de ampliar e padronizar a criação de caprinos e ovinos com o intuito de atender a demanda da indústria. Acreditamos que o projeto dará certo, uma vez que a busca pela carne destes animais é maior que a oferta", explicou Aurora.

Além da padronização dos animais, o que é importante para que os cortes de carne se encaixem nos padrões de tamanho e qualidade exigidos pela indústria e pelo mercado consumidor, os produtores também são capacitados em relação à importância de ter um manejo adequado, assim como a alimentação oferecida ao rebanho e aos investimentos na melhoria da genética empregada.

Toda a assistência oferecida aos produtores faz parte do programa Berro dos Vales, composto pelos municípios localizados nos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e São Francisco, lançado pela Caprileite/Accomig para que a região possa participar do projeto Rotas do Cordeiro, desenvolvido pelo Ministério da Integração Nacional. Inicialmente, 200 famílias de 20 municípios participarão do projeto. O objetivo geral do projeto Rotas é profissionalizar a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura, articulando a produção, o processamento e a comercialização por meio da criação de sistemas agroindustriais integrados.

Bahia - Enquanto aguardam a abertura do frigorífico, os criadores que estão investindo na expansão do plantel negociam os animais vivos com unidades de abate na Bahia. Segundo Aurora, a exportação de animais em pé para serem abatidos em outros estados não é vantajosa, porém, foi a melhor solução encontrada.

"Enviar os animais para serem abatidos na Bahia significa custos mais elevados, já que é necessário investir no transporte. Outro entrave que enfrentávamos era a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) nas vendas feitas para outros estados, taxa que no final do ano passado foi suspensa por dois anos e vem contribuindo para que as negociações se tornem mais vantajosas",afirmou.

Ainda segundo Aurora, o estímulo ao aumento do plantel, antes mesmo da reabertura do frigorífico, é feito para que a capacidade inicial da agroindústria seja atendida pelos criadores da região. "O fornecimento inicial que teremos que garantir ao frigorífico é de 100 animais por dia, o que em um mês gira em torno de 2,2 mil caprinos e ovinos. O rebanho da região não tinha este volume, por isso, estamos estimulando e acompanhando os investimentos" explicou.

A produção de animais de carne é lucrativa. Segundo Aurora, os cortes no mercado final custam de R$ 25, os mais simples, até R$ 70 por quilo, no caso dos mais nobres. O criador recebe entre R$ 6,5 e R$ 7 por quilo do animal vivo, valor que é o dobro dos custos de produção.

Produção de leite de cabra cresce 25%

A produção de leite de cabra e ovelhas em Minas Gerais também vem aumentando significativamente nos últimos anos. De acordo com a Caprileite/Accomig, somente em 2014, a produção ficou 25% maior, com um volume anual em torno de 180 mil litros de leite de cabra e de 15 mil litros de leite de ovelha. O incremento observado no ano anterior deve ser repetido em 2015.

Para a presidente da entidade, Aurora Gouveia, o aumento na produção só foi possível com a regularização dos criadores, incentivada pela lei Leite Legal, aprovada em 2012.

"A demanda pelo leite, assim como no setor de carnes, é maior que nossa produção. Por isso, ainda temos muito espaço para crescer. Com a criação da Lei Leite Legal, muitas pessoas estão investindo na atividade, na qualidade do rebanho e em laticínios de pequeno porte. No Estado, a maior parte da produção é proveniente das cabras, mas estamos investindo na melhoria do rebanho do ovinos para que a produção seja alavancada", disse Aurora.

Em Minas Gerais, são cerca de 620 produtores cadastrados na Caprileite/Accomig e mais de 2 mil no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O rebanho mineiro é composto por cerca de 180 mil caprinos e 600 mil ovinos, voltados tanto para a produção de carne quanto para leite.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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