Marfrig aposta em melhoramento genético de gado e mira exportações

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Na última quinta-feira (19), companhia lançou programa de fertilização in vitro com genes de alta qualidade para larga escala; a meta é que 30% de todo o abate seja de animais modificados

 

 



Uma semana após reportar prejuízo milionário no balanço do terceiro trimestre, a Marfrig Global Foods aposta em melhoramento genético para alavancar negócios. Com animais de alta qualidade produzidos em larga escala, a companhia pretende expandir em mercados como Japão e Coreia do Sul com cortes gourmet.

Lançado na última quinta-feira (19), o programa Marfrig + atua na fertilização in vitro (FIV) para criação de embriões com características superiores e genes de vacas e touros da categoria TOP. Segundo os executivos da companhia, o sistema já era utilizado no Brasil para criação de gado de elite e reprodutores. "Agora, queremos levar a solução para escala industrial e nossa meta é que 30% dos abates da empresa sejam de animais de alta qualidade", acrescenta o presidente do conselho administrativo da companhia, Marcos Molina.

Apostas


Sem revelar valores de investimento, o coordenador do projeto, David Makin, disse a jornalistas que cerca de 300 mil embriões já estão prontos para serem implantados em 2015. De acordo com o gerente da mesa de negócios, Maurício Manduca, 200 mil contratos já estão firmados com criadores parceiros.

Questionado sobre intenções de mercado, o executivo sinalizou ao DCI o interesse pelas exportações. "Se você tem uma carne com estas características e o cenário internacional está aquecido, não há porque não apostar neste segmento", completa.

No último balanço, as vendas externas representaram quase 45% das receitas da Marfrig Beef Brasil.

Mercado externo

Com o programa, após o desmame, os bezerros terão seu peso aumentado, reduzindo a recria consideravelmente, bem como o tempo de abate, cuja média atual é de 30 meses, e passará para uma média de 16 meses, beneficiando toda a cadeia produtiva.

Neste contexto, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, cita uma pesquisa recente em que o espaço para carnes gourmet, com cortes de valor mais agregado, tem crescido no mercado, "e é justamente onde se enquadra o produto melhorado neste programa da Marfrig", diz. Camardelli destaca o Japão e Coreia do Sul como potenciais importadores neste segmento.

"Com este programa podemos entrar em 2016 na ponta, entre os players internacionais", acrescenta o líder da entidade que, junto à Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Nelore e a Associação Brasileira de Angus, apoia a iniciativa da companhia.

Para Camardelli, a produção em curto prazo pode atingir o setor de maneira "concreta", não só entre os países que puseram fim ao embargo ao produto brasileiro - China e Arábia Saudita - como no aumento de possibilidade de fornecimento para Nafta. Nos Estados Unidos, para ele, há espaço para preenchimento de uma lacuna, que seria um verdadeiro "gol de letra".

Conforme publicado no DCI, o diretor-presidente da Marfrig, Sergio Rial, ressaltou durante a última divulgação de resultados o interesse da companhia em estreitar relações comerciais com os Estados Unidos e Nafta, em geral. Sobre a nova demanda chinesa, vale lembrar que, em 2012, no último ano antes do embargo, as exportações de carne bovina para a China alcançaram US$ 74,87 milhões e US$ 156 milhões com as vendas do produto para a Arábia Saudita, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Sustentabilidade

O presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos, lembra da importância e do potencial do rebanho brasileiro no agronegócio e a necessidade que o setor tem de crescer sem expandir em novas áreas. "É nesse sentido que o melhoramento genético está na alma da ABCZ", afirma.

Boi gordo


Os preços do boi gordo seguem em alta, sustentados pela oferta, que persiste baixa, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Embora a comercialização de animais confinados tenha aumentado ligeiramente, frigoríficos continuam relatando dificuldade em adquirir novos lotes e as escalas de abate continuam curtas.

O índice do instituto, para São Paulo, fechou a R$ 143,23 na última quarta-feira (19) recuo de 0,1%, elevação de 2,68% na parcial de novembro.

Quanto à carne com osso negociada no atacado da grande São Paulo, houve queda na demanda nos últimos dias, pressionando as cotações de todos os cortes pesquisados pelo instituto de pesquisa.




Veículo: DCI


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