Em alta no varejo, carne bovina poderá subir ainda mais

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Eleito o herói nacional no início do governo de Fernando Henrique, o frango volta a ser lembrado também no de Dilma Rousseff.Para aliviar as pressões da inflação no setor de proteínas, técnicos do governo recomendam a troca da carne bovina pela de frango, de preços mais baixos.

No início do governo FHC, o frango deu sustentação ao Plano Real, ao ser comercializado com valores inferiores a R$ 1 por quilo. Foi considerado o "herói nacional".Atualmente, o valor da ave viva está em R$ 2,70 por quilo nas granjas de São Paulo, e também está em alta no varejo paulista.

A carne bovina, devido à chamada sazonalidade do setor, está com forte alta. A evolução ocorre porque esse é um período de entressafra e não há uma oferta satisfatória de boi gordo para o abate, segundo José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP.Soma-se a esse período atípico do ano um "gargalo estrutural" do setor. A demanda cresce, devido ao aumento de renda, mas a oferta de gado disponível no mercado para abate não tem o mesmo ritmo.

Para uma maior oferta de animais é necessário um ganho de produtividade no setor, o que só ocorre com investimentos. O atual cenário da pecuária, cujas margens de rentabilidade são baixas, não justifica esses investimentos. "Com isso, há um ganho de produtividade, mas modesto", afirma Ferraz.

A arroba de boi gordo é negociada a R$ 132 no Estado de São Paulo, segundo a Informa Economics FNP. Esse valor supera em 20% o de igual período do ano anterior.Na avaliação do analista, os preços do boi gordo ainda deverão sofrer alguns ajustes, podendo subir para até R$ 140 por arroba nas próximas semanas.

Enquanto a carne bovina tem alta de preço, a de frango poderá ficar mais favorável ao bolso dos consumidores neste ano devido ao avanço da produção agrícola. A consequente queda de preços dos grãos favorece os custos de produção das aves, segundo ele.

A redução de preços dos grãos deverá reduzir também os custos do confinamento, mas a oferta de gado desse mercado não está respondendo como se imaginava há dez anos, diz Ferraz.O analista da Informa acredita que ainda dá para resolver esse círculo vicioso do setor, onde as margens não atraem investidores, e sem investimentos não há crescimento da oferta.

O Brasil tem vantagens em relação aos demais países produtores, principalmente devido ao custo menor da mão de obra, do valor da terra e do clima favorável.Mas um dos sérios problemas a serem resolvidos é a busca de uma evolução profissional dos trabalhadores. A pecuária tem de seguir a agricultura, onde a incorporação de novas tecnologias vem aumentando.



Veículo: Folha de S. Paulo


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