Carne explica alta do IGP-M em setembro, diz economista

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A alta de 0,20% do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) em setembro na comparação com a queda de 0,27% em agosto, como apurou nesta segunda-feira, 29, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), foi puxada principalmente pelo avanço das carnes bovinas (de 3,34% para 4 66%). A avaliação foi feita há pouco pelo economista André Braz, em entrevista à imprensa, na capital paulista. Segundo ele, não fosse o recuo nos preços da soja, que passaram de baixa de 1,65% para 3,49%, o IGP-M poderia ter registrado uma taxa de inflação superior a 0,20% no nono mês deste ano.

"Se deve a uma variável, que é a soja. Houve aumento da área plantada (EUA), principalmente de milho. Além disso, o fenômeno El Niño foi benéfico para as lavouras do sul do Brasil. A oferta aumentou e o preço está caindo, e deve perdurar no curto prazo", avaliou.

De acordo com Braz, o IGP-M deve manter trajetória de aceleração em outubro, mas a taxa deve ficar aquém da elevação de 0,86% registrada em igual mês de 2013. Neste cenário, o índice acumulado em 12 meses (3,54%), que atingiu a menor variação desde setembro de 2009, quando ficou em -0,40%, deve permanecer desacelerando.

Segundo o economista do Ibre/FGV, o avanço nos preços das carnes registrado no atacado vai se refletir com força no varejo, dado que o aumento acumulado em 12 meses desses produtos é de 25,49%. Outro ponto, disse, é que os preços de aves abatidas no Índice de Preços ao Produtor (IPA) já passaram a subir em setembro, para 2,26%, após recuo de 0,71%. "Poderia até ocorrer uma troca de produtos pelo consumidor, mas as aves também estão avançando."

Além das carnes, a FGV apurou, dentro o item alimentos processados, aumento nos preços da cerveja, que saiu de queda de 0,17% para elevação de 4,07% este mês. "Moral da história, o kit de churrasco do brasileiro está mais caro", disse.

Já os produtos in natura continuam servindo de "âncora" de alívio do IPA Agropecuário (-0,93% para +0,10%), disse, Braz. Os alimentos in natura tiveram deflação de 6,39% após declínio de 3 73%. Os destaques, contou, foram as baixas registradas nos preços do tomate e da batata, de 18,46% e 19,29%, respectivamente. "Ovos também caíram (10,64%). É um comportamento atípico para o período. Não houve queda da temperatura tão forte. Com aumento da temperatura, é possível que essas quedas percam fôlego. Batata e tomate voltem ao papel de vilão", estimou.

A despeito da alta recente do dólar em relação ao real, Braz acredita que o efeito sobre os IGPs não deverá ser tão significativo. Conforme ele, a atividade enfraquecida tende a diminuir a demanda e, além disso, a oferta maior de grãos deve continuar. "O impacto do câmbio deve ser compensado pela demanda fraca e pela oferta grande de grãos no Brasil e no exterior", estimou. "O efeito nos IGPs deve ser discreto", completou.



Veículo: Diário de Pernambuco


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