Marfrig fecha unidade de carne bovina na Argentina

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Por Luiz Henrique Mendes | De São Paulo


Após suspender, em fevereiro, as operações de um frigorífico na Província de Córdoba, na Argentina, a Marfrig decidiu encerrar de vez as operações da unidade. Conforme informações publicadas no jornal "El Cronista", cerca de 350 trabalhadores da planta, localizada no município de Unquillo, foram demitidos.

Procurada pelo Valor, a Marfrig não comentou a informação. A empresa brasileira está em período de silêncio devido à divulgação do balanço referente ao segundo trimestre, que será no dia 13 de agosto.

A decisão de demitir os funcionários, que estavam em licença remunerada desde fevereiro, ocorre menos de uma semana após a Argentina entrar em "default". A instabilidade econômica argentina vem provocando idas e vindas na atuação dos frigoríficos brasileiros no país, tradicional exportador de carne bovina que viu sua fatia no mercado internacional diminuir em razão das restrições impostas pelo governo.

O caso da Marfrig é mais um capítulo dessas idas e vindas. Em fevereiro, quando suspendeu as operações da planta de Unquillo, a empresa também fechou outros dois frigoríficos na Argentina. O pano de fundo para o fechamento das unidades eram as chamadas "retenciones" - retenção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) -, que, na prática, funcionam como um imposto sobre as exportações. Com o fechamento das três plantas, a Marfrig manteve apenas um frigorífico em operação na Argentina, localizado em Villa Mercedez, na Província de San Luis.

Em maio, durante a apresentação dos resultados da empresa no primeiro trimestre, o CEO da Marfrig, Sergio Rial, informou que reabriria um dos frigoríficos que havia fechado no início do ano. De fato, a empresa retomou as operações do frigorífico na Província de Santa Fé no fim daquele mês, confirmou Rial ao Valor em 27 de maio. Na ocasião, a unidade de Santa Fé abatia 500 bovinos por dia, conforme o executivo.

Ao explicar a retomada dos abates em Santa Fé, Rial afirmou que as condições para exportar carne bovina a partir da Argentina haviam melhorado. "Aconteceram muitas modificações macroeconômicas na Argentina, inclusive com o câmbio, o que fez com que voltássemos. Saímos de uma posição muito ruim para uma posição aceitável", afirmou o CEO da Marfrig, na entrevista concedida ao Valor. Agora, com o "default" da Argentina, os frigoríficos brasileiros passaram a encarar outro fator de incerteza no país.

Apesar disso, os impactos deverão ser limitados, uma vez que as operações na Argentina são pouco representativas dos negócios da Marfrig como um todo. Também presente na Argentina, a JBS é outra que não deverá sofrer com os impactos do "default", afirmou uma fonte do segmento. Atualmente, a empresa conta com apenas um frigorífico em funcionamento no país, voltado para abastecer o mercado interno. Devido às "retenciones", as outras unidades da JBS no país já estavam fechadas.



Veículo: Valor Econômico


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