Carne sobe 125% no exterior em nove anos, e Brasil tira proveito

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A esperada mudança de patamar para os preços da carne, discutida em um congresso em Buenos Aires há quatro anos, chegou mais cedo do que se previa. Em julho, o Brasil exportou carne bovina "in natura" a US$ 4.870 por tonelada, 125% mais do que em 2005.

As demais proteínas, embora em ritmo menor, também seguiram a carne bovina. O Ministério do Desenvolvimento indicou valor médio de US$ 3.573 por tonelada de carne suína "in natura" em julho, 82% mais do que em 2005. A de frango, comercializada a US$ 1.972, teve evolução de 65% no período.

E o Brasil foi o país que mais se aproveitou dessa evolução externa dos preços. Assumiu a liderança mundial nas vendas de carnes bovina e de frango e manteve as vendas externas de carne suína.

Um dos motivos dessa participação crescente no mercado externo foi que o país teve menos problemas, tanto climáticos como de saúde animal nesse período, do que outros grandes participantes do mercado. O último grande problema nacional foi o caso de febre aftosa, em 2005.

Os números de exportações indicam a evolução brasileira. Em 2005, as exportações de carne bovina somaram 1,4 milhão de toneladas, com receitas de US$ 3,1 bilhões. No ano passado, o volume embarcado teve pouca alteração, somando 1,4 milhão de toneladas, mas rendeu US$ 6,7 bilhões.

A carne de frango teve salto ainda maior. O volume embarcado saiu de 2,8 milhões de toneladas, em 2005, para 3,9 milhões no ano passado. Nesse mesmo período, as receitas subiram de US$ 3,5 bilhões para US$ 8,0 bilhões.

As exportações de carne suína caíram em volume, mas subiram em receitas. O volume atingiu 517 mil toneladas em 2013, com recuo de 17%, mas as receitas aumentaram 16%, para US$ 1,4 bilhão.

O cenário deste ano vem sendo ainda melhor do que o dos anos anteriores para os produtores brasileiros de proteínas. O preço externo está em patamares elevados, e o país tem carne para exportar. Ao contrário do Brasil, outros grandes produtores, como Estados Unidos, Argentina e Austrália, têm problemas.

No acaso da carne bovina, esses problemas são resultados de seca nos anos anteriores --o que diminuiu o rebanho-- ou até de interferências do governo no mercado, como ocorreu na Argentina.

No caso da carne suína, a oferta caiu em vários dos principais fornecedores do mercado, inclusive nos EUA, devido a problemas sanitários. Doenças também tiraram alguns tradicionais exportadores de frango, que buscam o produto no Brasil.

Esse quadro favorece o Brasil, que, apesar de problemas pontuais, mantém potencial para as exportações.

Além dos problemas sanitários e de seca, o que tem forçado uma redução na oferta, o avanço da produção mundial de carnes requer mais tecnologia e alimentação apropriada, o que tem exigido investimentos e recursos maiores dos produtores.

A previsão do então secretário de Agricultura da Argentina, Lorenzo Basso, no congresso da carne em Buenos Aires, em 2010, de que alguns cortes de carne passarão a ser um produto de luxo começa a ficar mais factível.



Veículo: Folha de S.Paulo


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