Demanda por carne suína deve aumentar

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A inflação menor na China e a redução da produção de suínos nos Estados Unidos, devido aos casos de Diarreia Epidêmica Suína (DES) diagnosticados no plantel do país, poderão favorecer as exportações de carne suína brasileira. A expectativa do setor é que a demanda seja ampliada ao longo do segundo semestre, período em que haverá grande redução na disponibilidade do produto por conta da exterminação de animais nos Estados Unidos, importante exportador. Minas Gerais, apesar de não comercializar diretamente com a China, deverá ser beneficiado, uma vez que é esperada queda na oferta nacional e maior demanda vinda de Hong Kong (Estado autônomo em território chinês com regras próprias de importações).

Desde o final de 2013, os Estados Unidos vêm enfrentando problemas com vírus da DES, doença que também já atingiu outros países americanos, como o México, Canadá, República Dominicana, Colômbia e Peru. Neste ano, entre março e abril, foi observado mais um surto, o que causou a eliminação de um volume maior de animais, e irá impactar na oferta, ao longo do segundo semestre, quando estes exemplares estariam em ponto de abate.

Para o vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Penna, a China é um dos principais compradores da carne suína norte-americana e, com a redução da oferta do produto, será necessário buscar em outros mercados, como o brasileiro, por exemplo. Além disso, a economia chinesa vem apresentando índices interessantes que estimulam o consumo, como a inflação do país asiático, que em maio ficou em 2,5%, índice que continua abaixo do limite estabelecido pelo governo chinês para este ano, que é de 3,5%.

"Apesar de Minas Gerais não comercializar diretamente com a China, o Estado poderá ser beneficiado de duas formas. A primeira é com a expansão dos embarques para Hong Kong, que, por sua vez, encaminha a carne suína para toda a China. Outra forma é o aumento das exportações do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, maiores produtores nacionais e que já estão em negociação com o país asiático, o que irá reduzir a oferta do produto no mercado nacional e favorecer a expansão da atuação mineira", disse.

De acordo com os dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a exportações mineiras de carne suína para Hong Kong somaram US$ 2,4 milhões entre janeiro e junho de 2014, com o embarque de 896 toneladas do produto. Hong Kong é o segundo maior importador da carne suína mineira, com participação de 3,68% no volume total comercializado, perdendo apenas para a Rússia, que comprou, ao longo do primeiro semestre deste ano, 19,2 mil toneladas, gerando faturamento de 80,9 milhões.

Segundo Penna, caso a demanda seja estimulada, Minas Gerais terá condições de abastecer o mercado, já que a produção de suínos no Estado é crescente. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao longo do primeiro trimestre de 2014, foi registrado incremento de 5,6% no abate de suínos, com 1,2 milhão de cabeças abatidas, frente as 1,13 milhão processadas entre janeiro e março e 2013. O peso das carcaças somou 102,4 mil toneladas, alta de 8,5%.


Preço -
Em relação ao mercado, as expectativa também são positivas. Os preços pagos pelo quilo do suíno vivo estão acima dos custos de produção e garantindo rentabilidade e condições dos suinocultores continuarem a investir na produção. Atualmente o quilo do suíno vivo é negociado em torno de R$ 3,90, enquanto os custos estão entre R$ 3,40 e R$ 3,50, dependendo da região de produção.

"A valorização das demais carnes, frango e bovina, favorece o consumo de carne suína elevando a demanda dos frigoríficos e, conseqüentemente, os preços pagos aos produtores. Em relação aos custos, as notícias positivas em relação à safra norte-americana de grãos impactou de forma negativa nos preços do milho e soja do país, reduzindo assim os gastos com estes insumos", explicou Penna.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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