Reajuste do produto foi bem acima da inflação de 6%
O preço da carne bovina subiu 19,28% nos últimos doze meses na Região Metropolitana de Belém, um reajuste bem acima da inflação para o mesmo período de 6,06% (INPC/IBGE), de acordo com pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-Pará), divulgada ontem. Só no primeiro semestre deste ano, a elevação foi de 11,27% diante de uma inflação 3,69%.
"Os fazendeiros repassam o aumento para os marchantes (negociantes que vendem a carne por atacado), que repassam para nós, que temos que aumentar o produto'', disse a comerciante Cristina Costa, responsável pelo açougue Carne Brasil, na avenida Romulo Maiorana, 121, em frente à feira da 25. Ela diz que não consegue segurar o preço para o consumidor porque os reajustes são contínuos. "Antes, por semana, comprávamos cinco traseiros (carne de 1ª) para três dianteiros (carne de 2ª). Agora, são três traseiros para um ou dois dianteiros'', explica Cristina, referindo-se à redução do volume de compra do açougue por causa dos contínuos aumentos.
O levantamento do Dieese-Pará aponta que no mês junho do ano passado, o quilo da carne bovina de primeira, a exemplo do coxão mole, chã e cabeça de lombo, foi comercializado em média na Grande Belém, a R$ 13,33, e fechou o ano, custando em média R$ 14,29. Em 2014, o produto passou a acumular pequenos reajustes a partir de março até agora. Depois de ser comercializado por R$ 14,26 em janeiro; pulou para R$ 14,34, em fevereiro; foi comercializado a R$ 14,98, em março. Em abril, a carne bovina saltou para a média de R$ 15,43, depois para R$15,60, em maio e, no mês passado mais aumento, o quilo disparou para R$ 15,90. ''Com isso, o quilo da carne bovina comercializada na Grande Belém teve um aumento de preço acumulado no 1º semestre de 11,27 % contra uma inflação de 3,79 % (INPC/IBGE)'', assegura o estudo do Dieese.
O aumento acumulado nos últimos 12 meses estimula a criatividade da dona de casa Carmem Lúcia Ramalho Santos, na hora de preparar as refeições da família. "Em casa, o pessoal não gosta muito de picadinho, mas eu acrescento um queijozinho, invento, vou me virando'', disse ela, que é consumidora assídua dos pontos de carne do Mercado de São Brás. "Tem aumentado tudo. Quando a gente compra pouco não percebe, mas quando vai comprar uma boa quantidade, aí, sim, a gente vê o quanto está caro'', acrescentou.
"O consumidor reclama bastante e diminuiu sua compra'', disse a responsável pelo Açougue da 25, Joseane Afonso. "A gente trabalhava com 1/4 de boi em um dia, hoje, o mesmo 1/4 de boi dura dos dias, porque o comércio caiu'', completou Joseane. No Açougue da 25, o quilo do filé custa R$ 25, o da picanha, R$ 23, o da maminha, R$ 19, e o peito com osso sai a R$ 8,00 o quilo.
De acordo com o Dieese, a alimentação básica dos paraenses continua entre as mais caras do país, R$ 318,46, comprometendo quase metade do salário mínimo de R$ 724.
Veículo: O Liberal - PA