Nova cultivar de café resiste mais à seca

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A acauã novo, desenvolvida pela Fundação Procafé, está sendo testada em Minas Gerais e apresenta bons resultados

Uma nova cultivar de café desenvolvida pela Fundação Procafé, a acauã novo, está sendo testada em Minas Gerais e os resultados obtidos vêm atendendo à expectativa dos pesquisadores. A cultivar, fruto de uma pesquisa que durou cerca de 40 anos, apresentou resultados favoráveis na safra 2014, com a manutenção da produtividade e a formação correta dos grãos, mesmo enfrentando a longa estiagem registrada durante os primeiros meses do ano. A expectativa é que a adoção da acauã novo apresente expansão significativa nos próximos anos.

De acordo com o pesquisador e engenheiro agrônomo da Fundação Procafé André Garcia, os resultados observados com o princípio da colheita da safra 2014 de café são positivos no que se refere ao desempenho da variedade acauã novo.

Os primeiros levantamentos feitos em regiões de Minas Gerais que enfrentaram severas perdas com a seca nos primeiros três meses de 2014 mostram que o impacto das altas temperaturas e da falta de água nas cultivares do acauã novo foram minimizados e a produtividade e a qualidade de formação dos grãos, preservados. O rendimento médio da cultivar chega a ser 20% superior ao apresentado pelas demais cultivares de café.

"A grande diferença da acauã novo é o agressivo sistema radicular. As raízes são mais resistentes e espessas. Com isso, penetram mais profundamente no solo, conseguindo absorver maior volume de água, o que é fundamental para a manutenção do desenvolvimento da planta e dos frutos. O que estamos observando é que a planta sofreu com a seca. Porém, tanto a produtividade como a formação dos grãos foram mais preservados. Ainda não temos os números apurados, mas, até o momento, os resultados são muito positivos e a semente vem se tornando um boa opção para os cafeicultores".

As pesquisas para a criação da semente duraram cerca de 40 anos e o resultado foi um cultivar resistente a várias doenças que acometem os cafezais, maior tolerância à seca e produtividade superior quando comparada com as demais disponíveis no mercado.

"Durante 40 anos, foram feitos vários estudos e agora chegamos à acauã novo. Um dos desafios enfrentados no processo de melhoramento genético é a fixação de diferentes características desejáveis, o que muitas vezes, ao introduzir a resistência à doença, perdemos na produtividade. Mas, no caso da acauã novo, trabalhamos com as principais demandas dos cafeicultores. Conseguimos fixar várias características que combinaram a resistência múltipla (tem imunidade à ferrugem, resistência ao nematoide Meloidogyne exigua, tolerância à forma e também a seca) ao elevado ganho de produtividade, que pode ficar até 20% superior às demais cultivares", disse.

Regiões - A fase de melhoramento final começou há sete anos, com a liberação de um volume restrito de sementes aos produtores. De acordo com Garcia, a acauã novo é indicada para quase todas as regiões produtoras de café em Minas Gerais. "A semente se destaca muito bem em regiões de clima quente e seco, como a região do Triângulo e as áreas mais quentes do Sul de Minas.  possível obter bons resultados também em áreas de altitude inferior a mil metros, excluindo somente a produção na serra da Mantiqueira", disse.

A expectativa é que os produtores, ao renovarem os cafezais, optem pela semente do acauã novo, o que irá contribuir para minimizar as perdas promovidas pelo clima. A oferta da semente deve aumentar ao longo das próximas safra.

"As incertezas climáticas são muitas e o produtor precisa ter à disposição materiais genéticos que contribuam para minimizar os efeitos do clima. O papel da Fundação Procafé é investir nesses meios. Estamos comercializando a semente a preços equivalentes às demais cultivares, já que nosso objetivo é disponibilizar tecnologia aos cafeicultores", disse.



Veículo: Diário do Comércio - MG



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