Impulsionada pelo crescimento das exportações para países emergentes, a Minerva Foods, terceira maior processadora de carne bovina do país, teve um lucro líquido de R$ 69,1 milhões no primeiro trimestre, ante o lucro de R$ 5,2 milhões registrado em igual período de 2013.
No primeiro trimestre, a Minerva registrou uma receita líquida de R$ 1,397 bilhão, avanço de 17% na comparação com os R$ 1,195 bilhão apurados no primeiro trimestre do ano passado. Da receita líquida total, 69% é oriunda das vendas no mercado externo. Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Minerva teve forte alta de 35,8%, a R$ 136,3 milhões no primeiro trimestre deste ano.
Apesar desse bom resultado, a estiagem que atingiu a região Centro-Sul do país e reduziu a oferta de boi gordo penalizou a empresa, intensificando a necessidade de capital de giro no período. Com isso, a Minerva amargou um fluxo de caixa livre negativo de R$ 300 milhões. De acordo com o diretor financeiro da Minerva, Edison Ticle, o aumento do nível de uso de capital de giro foi uma estratégia deliberada para preservar a rentabilidade.
"Fizemos uma política agressiva de compra de gado à vista, como uma das ferramentas para se proteger contra a alta do boi", afirmou o executivo, em entrevista a jornalistas. Segundo Ticle, essa política de aquisição de gado à vista permitiu um desconto de 1% a 2,5% ao mês, mas aumentou em R$ 122 milhões o nível de utilização de capital de giro no primeiro trimestre. Além da política de aquisição de gado, o aumento das exportações - que tem ciclo de conversão de caixa mais lento - também aumentou o uso de capital de giro da Minerva.
Diante disso, a estratégia da Minerva até elevou a rentabilidade da companhia. No primeiro trimestre, a margem Ebitda da companhia foi de 9,7%, 1,4 ponto percentual a mais do que a margem de 8,4% do primeiro trimestre do ano passado. "Essa é a melhor margem de um primeiro trimestre desde que a empresa abriu o capital, em 2007", afirmou Ticle.
A estratégia de priorizar a rentabilidade em detrimento do fluxo de caixa livre também teve impactos sobre o endividamento e o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda). No fim de março, a dívida líquida da Minerva somava R$ 2,1 bilhões, alta de 13,9% ante a dívida de R$ 1,8 bilhão do fim de dezembro. O índice de alavancagem da companhia, por sua vez, subiu para 3,58 vezes, ante o índice de 3,13 do trimestre imediatamente anterior.
De acordo com Ticle, o índice de endividamento da Minerva também foi afetado pela aquisição de um frigorífico em Janaúba (MG), por R$ 42 milhões. Essa planta, que pertencia à massa falida do Kaiowa, ainda não está em operação e passa por uma fase de investimentos de modernização. A expectativa é que ela entre em funcionamento no segundo semestre.
veículo: Valor Econômico