Apesar de redução nas exportações, produtores e indústrias acreditam em uma retomada das vendas
A tensão política na Ucrânia das últimas semanas está sendo monitorada de perto pelos representantes da cadeia produtiva da carne suína do Rio Grande do Sul. O país é responsável, atualmente, por cerca de 25% do mercado de exportação do produto gaúcho.
Conforme o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips), Rogério Kerber, mesmo com o desconforto político no país do Leste Europeu, que já registrou queda nas importações brasileiras no mês de janeiro, o mercado vai continuar aquecido. “Já existem informações que a pressão já não é tão grande. Esperamos que, nos próximos dias, as coisas retomem seu curso normal”, avalia.
Kerber salienta também que é normal uma queda nesta época do ano nos embarques para países do Leste Europeu devido ao frio intenso. Sobre a Rússia, que também vive um clima de tensão na fronteira com a Ucrânia, o dirigente do Sips acredita que não haverá influência política, e os negócios devem ser ampliados com o final do embargo, quando, em novembro do ano passado, foi aprovada a liberação da planta da Alibem, de Santo Ângelo. “É de entendimento do setor que existem pontos positivos que devemos ter uma melhora. A Rússia estabeleceu embargo à União Europeia, que teve registros de focos de Peste Suína Africana. Já as indústrias dos Estados Unidos receberam a exigência dos russos contra o uso da ractopamina”, explica.
O presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, ressalta que a queda dos embarques tem afetado o mercado gaúcho, mas sem grandes sustos para o setor. “Temos informações de exportadores que estão segurando os embarques. Isso acaba ficando no mercado interno, mas não é tão drástico, porque a nossa produção está ajustada”, afirma o dirigente.
Folador disse que a pressão nos preços é leve. Em fevereiro, o preço do quilo do suíno aos integrados caiu de R$ 3,00 para R$ 2,90 no mês. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), o Brasil quase não exportou para a Ucrânia no primeiro mês de 2014, sendo enviadas para aquele mercado apenas 244 toneladas, o que resultou em um faturamento de US$ 815 mil. A retração em volume foi de 96,31% e, em receita, de 95,46%, ante janeiro de 2013.
Em nota, a Abipecs avaliou que a crise política nos dois países não vai afetar o mercado brasileiro. O comunicado informou que as exportações para a Ucrânia vem sofrendo quedas consecutivas desde outubro de 2013, antes das manifestações locais. Já a Rússia, de acordo com a entidade, exportações de carne suína estão crescendo e devem seguir tendência ascendente para os próximos meses de 2014.
Veículo: Jornal do Comércio - RS