Levar filhos na escola, trabalhar, fazer pós-graduação, malhar. A falta de tempo está refletindo nos supermercados e trazendo de volta um velho hábito: a compra do mês. Uma pesquisa da Kantar Worldpanel mostra que os brasileiros têm ido menos vezes, mas continuam gastando mais. "O aumento da inflação acabou sendo um fator que contribuiu na redução de idas ao ponto de venda. Os consumidores passaram a ir menos e a comprar mais de cada vez para evitar um possível aumento de preços futuros", avalia a diretora comercial da Kantar, Christine Pereira.
De acordo com o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, o cenário se aplica somente aos hipermercados. No entanto, segundo ele, mais do que medo da inflação, é a falta de tempo que está determinando a concentração das compras maiores. "As pessoas não têm tempo de enfrentar filas várias vezes, então, fazem grandes compras uma só vez no mês, em grandes supermercados, e continuam indo aos pequenos , nos bairros, várias vezes por semana", justifica.
Um levantamento de 2013, do Instituto Ver, revela que 67,3% dos consumidores de Belo Horizonte preferem os supermercados da vizinhança. Em 2001, quem determinava a compra eram os preços baixos, apontados por 32% dos consumidores como fator decisivo. Naquela época, a proximidade influenciava apenas 11% da escolha. Hoje, o preço baixo ficou em segundo plano, caindo de 32% para 13% na lista de fatores determinantes para o consumidor.
A psicóloga organizacional Dalila Pereira de Sousa é um exemplo de como a correria influencia as compras. Ela trabalha em um supermercado mas, mesmo assim, escolhe um único dia no mês para levar tudo que precisa. "Não tenho tempo. É do trabalho, para o MBA ou cuidando dos filhos. Então, costumo escolher um sábado do mês para fazer tudo", conta Dalila.
Segundo Christine Pereira, a lógica de ir menos ao supermercado é fazer uma compra mais robusta, com produtos necessários para o período. "Quanto mais se vai ao ponto de venda, maior é a tendência de comprar produtos de que não precisa no momento", avalia a diretora da Kantar.
Classes. De acordo com a pesquisa da Kantar Worldpanel, em média, o brasileiro reduziu em três vezes a quantidade de visitas ao supermercado, por ano. O impacto foi maior para as classes D/E. Enquanto a A/B deixou de ir uma vez, essa deixou de ir cinco vezes. A classe C deixou de ir duas. Mesmo indo menos, os gastos não caíram. O volume comprado cresceu 3% e os gastos subiram 9%.
Bons vizinhos
Proximidade Segundo a Associação Mineira de Supermercados (Amis), em 2014 serão inauguradas 85 lojas, quase o dobro em relação às 45 unidades de 2013. A maioria serão lojas de bairro.
Fonte: Portal O Tempo (MG)