Leilão do Kaiowa atrai interesse da Minerva e da JBS

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Após um processo de falência que se arrasta há mais de 20 anos, a história do frigorífico Kaiowa, um dos mais importantes do país na década de 1980, pode chegar ao fim na próxima quinta-feira, em um leilão judicial que ofertará os ativos da massa falida da empresa.

Conforme edital divulgado pela 16ª Vara Cível da Comarca de São Paulo, serão leiloadas cinco unidades de abate e uma fábrica de charque, conforme antecipou ontem o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor. Essa será a segunda tentativa de vender os ativos da Kaiowa. No primeiro leilão - "praça", nos termos jurídicos -, realizado em 30 de janeiro, não houve propostas. Mas isso não significa que não existam interessados.

O Valor apurou que JBS, Minerva e o frigorífico Palmali Frigopalmas, de Maringá (PR), enviaram representantes para a primeira praça. A Minerva chegou até a entrar com um agravo de instrumento na 7ª Câmara de Direito Privado para tentar a adiar o primeiro leilão, mas teve seu pedido negado pelo juiz Luiz Antonio Costa e acabou desistindo do recurso. Procuradas pela reportagem, JBS e Minerva não comentaram. A Palmali não retornou às solicitações de entrevista.

Além disso, uma mostra de que o interesse pelo Kaiowa existe foram as propostas feitas por JBS, Minerva e Marfrig antes de a juíza determinar o leilão. Em julho de 2012, o Minerva fez uma proposta à Justiça para arrendar todas as unidades do Kaiowa, por R$ 431 mil mensais por um período de dois anos. Em julho daquele ano, a Marfrig propôs arrendar as plantas de Anastácio (MS) e Janaúba (MG), por R$ 402 mil por mês.

Em fevereiro do ano passado, foi a vez de a JBS fazer uma proposta à Justiça de aquisição dos ativos. As três ofertas foram rejeitas pela juíza. Segundo fontes do setor, as propostas de arrendamentos foram rejeitadas porque a juíza pretende encerrar o caso Kaiowa de uma vez por todas. Já a proposta da JBS foi rejeitada por restrições legais, já que nesse caso o leilão judicial é um requisito.

A ausência de proposta na primeira praça é estratégia comum para interessados em leilões judiciais como o do Kaiowa, de acordo com essas fontes. Ocorre que, no primeiro leilão, o lance mínimo para arrematar os ativos é o valor de avaliação, de R$ 176 milhões, enquanto que na segunda praça a juíza poderá autorizar uma proposta abaixo disso, desde que não seja um "lance vil" - menor que R$ 132 milhões, ou seja, inferior a 80% do valor de avaliação, segundo fontes.

Pelos termos do edital, os imóveis podem ser vendidos separadamente. Segundo uma pessoa a par do assunto ouvida pelo Valor, a unidade de abate de Anastácio (MS), avaliada em R$ 28,2 milhões, seria o ativo mais interessante.

Conforme essa mesma fonte, a unidade de Guarulhos, avaliada em R$ 34,2 milhões, também tende a atrair o interesse, por estar bem localizada e ter vocação para se transformar num centro de distribuição ou servir como investimento imobiliário. A empresa MA7 Negócios, consultoria que atua na compra de imóveis em leilões judiciais e extrajudiciais e assessora investidores na compra de créditos estruturados, está interessada na aquisição da unidade de Guarulhos, apurou o Valor.

Também integram os ativos que serão leiloados unidades nos municípios de Pires do Rio (GO), Presidente Venceslau (SP) e Janaúba (MG), além de uma fábrica de charque em Presidente Venceslau (ver quadro).

Apesar da viabilidade e do interesse já demonstrado, há entraves que podem dificultar a aquisição das unidades. Os abatedouros estão fechados pelo menos desde 2010, quando o frigorífico Independência, em dificuldades financeiras, entregou as unidades do Kaiowa que estavam arrendadas junto à massa falida.

Os custos para retomar a operação dos frigoríficos podem dificultar o leilão. Além dos investimentos necessários na manutenção de equipamentos, há pendências de licenciamento ambiental.

Quando fez sua proposta de arrendamento, a Minerva informou que apenas a unidade de Janaúba (MG), que tem capacidade para abater 450 cabeças de gado bovino por dia, exigiria investimentos da ordem de R$ 5 milhões para retomar a operação. À época, a Minerva pretendia ampliar a capacidade de abate do frigorífico para 800 cabeças de gado por dia.



Veículo: Valor Econômico


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