A economia do croissant

Leia em 3min 10s

                               Com unidades nos Estados Unidos e no Japão, a rede de padarias City Bakery dá lições de como administrar a oferta e a demanda de produtos perecíveis



Para adequar a oferta, padaria leva em consideração férias escolares e até previsão do tempo


Croissants que se desfazem na boca, cookies deliciosos, bolos e tortas de dar água na boca – a padaria City Bakery, de Manhattan, sabe como fisgar os fregueses pelo estômago. Seu fundador, Maury Rubin, estudou na França. Mas as suas melhores criações são tipicamente americanas: croissants de pretzel (surpreendentemente bons) e receitas de como ganhar dinheiro.

Rubin está entre aqueles padeiros que reverenciam os métodos tradicionais, mas exigem um bom lucro. O problema é que padaria boa é mau negócio. A farinha é barata, mas a manteiga orgânica, que faz metade de um croissant, custa os olhos da cara. E o aluguel de um ponto bem localizado também é salgado. Tudo computado, Rubin gasta US$ 2,60 para assar um croissant de US$ 3,50. Se faz 100 croissants e vende 70, ele fatura US$ 254, mas seu custo é de US$ 260. Como se recusa a vender produtos envelhecidos – os produtos permanecem em seus balcões por no máximo um dia –, ele perde dinheiro. “Bem vindo ao maravilhoso mundo das padarias”, diz Rubin.

A solução mais óbvia seria aumentar os preços. Mas Rubin diz que os fregueses desaparecem quando seus preços ultrapassam determinado patamar. As alternativas a que ele recorre para enfrentar o problema são principalmente duas. Em primeiro lugar, não dá para o estabelecimento se limitar a ser apenas uma padaria. A City Bakery também vende saladas e sanduíches apetitosos, em que as margens são maiores, para as pessoas que trabalham nos escritórios das redondezas.

Em segundo lugar, é fundamental usar todos os dados e informações que possibilitem cortar custos. Rubin acompanha de perto o movimento da padaria a fim de identificar tendências na demanda e, então, ajustar a oferta. Às segundas e terças-feiras, por exemplo, não há brownies nem bolos de cenoura na City Bakery, já que as pessoas evitam sobremesas excessivamente calóricas depois de passar o fim de semana se acabando. E, como a demanda cai muito quando chove, Rubin não tira os olhos da previsão do tempo. E ele tampouco perde de vista o calendário escolar, a fim de diminuir o ritmo de seus fornos quando chega o período de férias e as crianças viajam. Mas, no dia seguinte ao feriado de Yom Kipur, que os judeus passam jejuando, a padaria trabalha a todo vapor para atender à “demanda reprimida”. E todos os dias, depois do rush do café da manhã, Rubin faz um ajuste fino em sua oferta, verificando as vendas a intervalos de 60 ou 90 minutos. Na cozinha da padaria, várias bandejas de doces e salgados estão prontas para serem assadas, mas não vão para o forno enquanto os números de Rubin não dão o sinal verde.

Quando termina o expediente e não há mais nenhum croissant no balcão, é sinal de que o dia foi bom. Recentemente, num fim de tarde, viam-se nos balcões da padaria trios de frutas em triângulos de papel de arroz, cozidos no açúcar. O doce tem uma aparência bonita e é barato de fazer. Mas Rubin vende poucas unidades, pois cobra caro: sua verdadeira função é, em parte, enfeitar os balcões e dar a impressão de que eles estão cheios, animando as pessoas a tomar um café ao final de mais um dia de trabalho. Essas estratégias vêm ajudando a City Baker a sobreviver desde 1990. Atualmente a padaria conta com sete unidades menores em Nova York e sete filiais no Japão. O próximo passo, segundo Rubin, é abrir uma filial em Dubai, nos Emirados Árabes.




Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo


Veja também

Milho continua competitivo

- Os valores do milho posto no Porto de Paranaguá (PR) são os maiores desde março de 2014, em termo...

Veja mais
Walmart reduz horas de trabalho para cortar custo

  Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo...

Veja mais
Troca imediata de produto essencial não saiu do papel

                    ...

Veja mais
Agropecuária é único setor com PIB positivo em 12 meses, destaca CNA

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou hoje (31) comunicado técni...

Veja mais
Governo aumentará imposto de PCs, celulares e bebidas

                    ...

Veja mais
Inadimplência cresce no varejo da capital mineira, revela CDL

                    ...

Veja mais
Empresas começam a substituir insumos importados

Empresas brasileiras começam a intensificar ações de substituição de insumos importad...

Veja mais
MAPA elabora proposta para fortalecer cadeia de lácteos

                    ...

Veja mais
Indústria calçadista investe na demanda das mulheres jovens

São Paulo - A demanda potencial por calçados para mulheres na faixa dos 18 aos 25 anos está na mira...

Veja mais