Brasil pode liderar indústria de cuidados masculinos até 2019

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                                     Perspectiva. A venda de produtos de higiene para os homens vai crescer 7,1% ao ano até 2019, atingindo ganhos anuais de US$ 6,7 bilhões, à frente do mercado norte americano e chinês


São Paulo - O mercado de cuidados pessoais para homens dobrou de tamanho no País nos últimos cinco anos, impulsionado pela vaidade dos brasileiros. Segundo a consultoria Euromonitor International, entre 2009 e 2014, vendas de produtos no segmento cresceram 99,4%.

Com o aumento da preocupação dos homens com a aparência, a Euromonitor projeta um crescimento médio anual de 7,1% nas vendas de produtos para barba, banho, cabelo, pele e desodorantes, chegando a US$ 6,7 bilhões até 2019."O Brasil deve se tornar o maior mercado na categoria. Os Estados Unidos, líder no segmento atualmente, devem cair para a segunda posição", destacou a consultoria. Se a projeção se confirmar, o segmento de cuidados para homens no País será maior que o chinês, cuja expectativa é movimentar US$ 2,7 bilhões em 2019.

"Se antes o cuidado pessoal dos homens se resumia aos produtos para barbear, hoje vemos a cesta de compras masculina se tornando mais diversificada. Além disso, a projeção para a categoria nos próximos cinco anos é um indicador claro de que muitos homens estão rompendo com o estereótipo do passado e investindo mais tempo e dinheiro em sua aparência", afirmou a analista da Euromonitor, Marcela Viana.

Entre 2009 e 2014, as vendas de produtos para banho (+175%), cuidados com cabelo (+137%) e produtos para barbear (+120%) registraram os melhores desempenhos na categoria, na avaliação da Euromonitor. Já os desodorantes masculinos cresceram menos, com alta de 75%.

Oferta

A Natura, uma das maiores fabricantes brasileiras de produtos de higiene e beleza, teve alta na demanda masculina nos últimos anos. "Observamos aumento da vaidade e quebra do preconceito do público masculino em se cuidar", contou o diretor de desenvolvimento de produtos da fabricante, Alessandro Mendes.

Segundo ele, as vendas de produto para cuidado com a barba, por exemplo, têm avançado. "Temos uma oferta importante para homens, com a categoria de perfumaria ainda como o principal produto para o público masculino da Natura, porque tem uma oferta mais ampla, seguido de desodorante e barba", disse.

Na avaliação do executivo, o mercado para cuidado da barba ainda é pequeno no Brasil, quando comparado a perfumaria, já consolidado. "Exploramos a nossa experiência no setor para propor novos produtos para esse público, como o cinco em um para a barba, de olho nessa demanda de quem quer se cuidar, mas não quer dedicar tanto tempo a isso", comentou Mendes.

A estratégia, pontuou ele, é ofertar um produto que sai da categoria de produtos tradicionais de barbear para a linha de tratamento da pele. "Temos visto também alguns novos produtos de nicho no mercado, como óleos para cuidado da barba e bálsamos, mas não em grandes empresas [do setor]", afirmou.

De acordo com ele, a Natura tende a acompanhar as tendências do mercado e tem lançamentos previstos para a categoria a partir do ano que vem. "Acreditamos muito no crescimento desse mercado nos próximos anos", reiterou ele.

A multinacional Unilever, líder na categoria de antitranspirantes masculinos, também aposta na expansão do segmento nos próximos anos. Segundo a diretora de marketing da área de desodorantes da Unilever, Adriana Castro. "É um mercado promissor. A cada ano, cresce o interesse dos homens por produtos que vão além dos cuidados básicos, como víamos no passado", disse a executiva.

A companhia vem investindo em estudos para entender melhor a demanda do público masculino. "Sabemos que o perfil do consumidor e a maneira de comunicar benefícios [do produto] devem ser diferentes".

Tendência

Já a concorrente Procter & Gamble (P&G), com portfólio composto por desodorantes e xampus, tem na categoria de cuidados para barba seu principal negócio. "A Gillette sem dúvida é a principal marca da companhia para cuidados pessoais masculinos, com linhas de lâminas de barbear, espumas de barbear e desodorantes", contou a gerente da marca no Brasil, Juliana Moretti.Segundo ela, o segmento brasileiro de lâminas cresceu 9% em valor no último ano, liderado pela Gillette, que detém 82,4% desse mercado.

Para manter a liderança na categoria, a P&G tem buscado diversificar o portfólio da marca Gillette e investe em pesquisas de mercado. "Hoje em dia, um em cada quatro homens no mundo raspa alguma parte do corpo abaixo do pescoço. A pesquisa mostrou que esse já era um hábito, mas que vem crescendo a cada dia", lembrou ela.

Já o diretor-geral da Wahl Clipper Brasil, José Fernando Farinas, destaca que volta da moda das barbas, tem impulsionado as vendas da empresa. "Sentimos um efeito positivo da tendência do homem deixar a barba crescer, não só no Brasil, mas em outros países", afirmou. A Wahl é líder no segmento de máquinas para barbear e, embora não integre as categorias avaliadas pela Euromonitor, também projeta alta nas vendas nos próximos anos."Nossos equipamentos atendem diferentes demandas, tanto de quem quer deixar a barba crescer como quem quer tirar tudo", explicou o executivo.

Atualmente, a empresa detém 85% do mercado brasileiro de máquinas para barbear. A estratégia da Wahl para continuar crescendo nos próximos anos é ganhar espaço no mercado doméstico, onde a marca ainda é pouco conhecida."Queremos tornar a marca mais conhecida no Brasil para estimular as vendas" disse. Farinas revelou que a Wahl estuda abrir uma fábrica no País. Os produtos comercializados no Brasil hoje são importados.

De acordo com ele, a abertura de uma unidade produtiva no País deve ser definida em até um ano, seguindo a estratégia de descentralização da produção da companhia norte-americana. "O Brasil pode vir a ser exportador para os outros países da América Latina", revelou Farinas ao DCI.


Veículo: Jornal DCI







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