Setor diversifica destinos das vendas para alavancar ganhos

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A desaceleração doméstica e a crise enfrentada pela Argentina, principal parceiro comercial do Brasil, têm levado as fabricantes de cosméticos a apostar em novos mercados

 



A indústria de cosméticos tem apostado na diversificação das vendas para outros países, para driblar a desaceleração do consumo no Brasil e a crise na Argentina. A estratégia, entretanto, ainda esbarra nas exigências de adequação dos produtos para exportação. No último ano, as exportações de produtos da categoria de higiene e beleza para a Argentina, maior parceiro comercial do País, caíram para US$ 155 milhões ante US$ 188 milhões em 2013. Já os Estados Unidos, que aparece em décimo lugar na lista de principais destinos dos produtos comercializados pelo setor, deve ganhar mais relevância esse ano, como alternativa para ampliar os negócios.

De acordo com o presidente da Abihpec, João Carlos Basílio, o setor tem passado por um movimento de retomada das exportações, com o aumento da procura de empresas de todos os portes por ajuda para ingressar ou ampliar as vendas em outros países. "Exportar é uma excelente oportunidade, mas alertamos as empresas sobre o tempo necessário para que essa estratégia dê retorno", destaca o ele. Ele explica que, no melhor cenário possível, uma empresa demora pelo menos um ano para se estabelecer em um novo mercado.

Os produtos brasileiros, segundo Basílio, têm forte apelo junto aos consumidores de outros países e a exportação pode ajudar a compensar vendas mais fracas no mercado local. "Toda crise é sinônimo de oportunidade e quem é criativo e tem condições de inovar a custos que o bolso [do consumidor] suporta tem muita probabilidade de amenizar os impactos desse cenário econômico desfavorável", defende o dirigente.

Desafios

As principais barreiras para as empresas brasileiras no mercado internacional são de adequação técnica e ao perfil de consumo de cada região. "Cada país tem um perfil de consumo diferente e o empresário precisa identificar muito bem isso, para oferecer um produto que agrade", explica Basílio.

No entanto, na opinião da representante da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Gueisa Silvério, principal desafio do setor é a adequação técnica.

"Nós coordenamos rodadas de avaliação dos cosméticos que as empresas querem exportar, para conferir se todas as exigências de adequação foram cumpridas, o que poupa tempo no processo", observa ela. Responsável pela gestão do projeto Beautycare Brazil, criado pela Apex-Brasil em parceria com a Abihpec, Gueisa explica que as duas instituições têm trabalhado para facilitar o processo de desenvolvimento e aprovação dos produtos por órgãos regulatórios nesses países.

Potencial

A Bela por Natureza, indústria de pequeno porte especializada no segmento de podologia, participou de uma dessas rodadas de avaliação do projeto. "No final do ano passado o projeto fez rodada de análise de rótulo e já vimos o que precisa ser feito para atender as exigências em 12 países que são mercados-alvo para a nossa empresa", lembra o diretor executivo da fabricante, Daniel Palmieri. Ele reconhece que a exportação exige investimento alto, mas acredita que o retorno virá no médio prazo.

"Depois de fechar o primeiro pedido, esperamos ter o retorno do investimento em cerca de seis meses", afirma. Os Estados Unidos apresentaram o maior potencial para a Bela por Natureza, seguidos por outros países da América Latina, como Chile, Salvador e Peru.

A empresa, que produz em média 200 mil unidades de produto por ano, espera que com a estratégia as exportações cheguem a representar de 30% a 40% do faturamento da marca.

"Provavelmente teremos que sacrificar um pouco a nossa margem de lucro para chegar com um preço competitivo lá fora, mas vai depender do posicionamento que vamos conseguir", observa o executivo.

Na fabricante de cosméticos Sweet Hair, a oferta de produtos com preço competitivo tem sido a estratégia para ganhar espaço no exterior . "Oferecemos itens com perfil de classe A, mas preço de produto para classe B e C", destaca o presidente da empresa, Paulo Kavaks.

Hoje, a Sweet Hair exporta para 15 países e está em negociação com outros 12 para ampliar as vendas. De acordo com Kavaks, a Espanha é hoje o principal mercado para a marca, além da Itália, França e Dubai. "Nosso volume de vendas cresceu na casa dos dois dígitos nos últimos dois anos, mas ainda não temos uma previsão do aumento para 2015", diz Kavaks.

Para o executivo, a inovação constante na linha dos produtos é o principal fator, junto com o posicionamento de preço, que tem impulsionado as vendas. "Sempre lançamos produtos com patente, essa é a nossa garantia de não perder espaço com cópias da concorrência".

A Nanovetores Tecnologia também aposta na oferta de produtos exclusivos para garantir as vendas no exterior. "Na categoria de material de composição natural, somos os únicos", destaca o diretor-presidente da empresa, Ricardo Ramos.

A empresa, que fabrica insumos encapsulados em partículas naturais nos tamanhos nano e micrométrico para a indústria de cosméticos, exporta hoje para cerca de 25 países e planeja ampliar as vendas para a Europa este ano. "Participamos de uma feira na semana passada, a terceira pelo projeto Beautycare Brasil, e percebemos uma aceitação cada vez maior do produto no mercado internacional".

Ramos conta que os fabricantes de outros países procuram muito por opções naturais e ativos da biodiversidade brasileira, como alternativa para inovar com custo acessível.

"Hoje, com a mudança no dólar, o nosso produto chega lá fora custando centavos, o que nos dá vantagem competitiva", diz. Esse ano, a Nanovetores espera ampliar em 500% o faturamento, passando de R$ 2 milhões, registrados no ano passado para até R$ 8 milhões em 2015.

O aumento dos investimentos em exportação também tem alavancado outros setores da economia, como os prestadores de serviços para a indústria. A Allergisa, empresa que faz testes de qualidade de produtos, tem visto a demanda por testes para indústrias que querem exportar crescer este ano. A maior parte dos testes para parâmetros internacionais realizados pela empresa é para os Emirados Árabes e países da Europa e Ásia. "O inverso também ocorre, com empresas estrangeiras que querem importar para o Brasil demandando mais testes", revela o diretor da Allergisa, Erlandi Salvador Junior.



Veículo: DCI


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