Venda de protetor solar pode crescer 14% em 2015 no Brasil

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Consultoria estima que mercado vai movimentar R$ 2,5 bilhões neste ano e até 2018 deve atingir R$ 3,5 bilhões. Verão ainda concentra maior parte das vendas das grandes marcas

 

 



O mercado de protetor solar deve encerrar 2015 com vendas de R$ 2,5 bilhões, uma alta de 14% em relação ao ano passado, segundo a consultoria Mintel. De olho nesse potencial, o setor aposta em novos produtos para manter as vendas em alta após o verão. O grupo L'Oréal, dono da marca Solar Expertise, vê o mercado brasileiro ainda em fase de consolidação e planeja ganhar mais espaço neste ano. "O percentual de uso de protetor ainda é baixo, então tem espaço para crescer e com isso queremos alavancar o uso", conta a gerente da Solar Expertise da L'Oréal Paris, Renata Guberfain.

Segundo a executiva, o mercado brasileiro de protetor é o segundo maior depois dos Estados Unidos e o que mais cresce na categoria. A linha Solar Expertise, afirma Renata, tem crescido dois dígitos nos últimos anos no País, influenciada pelo mercado de consumo aquecido no período. "Nós ingressamos no mercado brasileiro em 2006 e desde então o retorno é sempre positivo ", diz ela. O desafio agora é fazer com que os consumidores adotem o uso do protetor específico para o rosto, explica Renata. Ela destaca que a maioria dos consumidores usa apenas protetor corporal.

"Nós investimos nas duas linhas [corporal e facial], mas o que estamos vendo é que a exigência do consumidor com o protetor facial é maior", cita a gerente da Solar Expertise. Para ela, além de representar uma oportunidade para incrementar o volume de vendas, o investimento na linha facial permite explorar a comercialização de produtos com maior valor agregado.

Verão

Outra característica do mercado que a marca francesa de cosméticos quer mudar é o consumo sazonal. Na linha de protetor solar da L'Oréal Paris, metade das vendas anuais do produto se concentram no Verão, entre os meses de novembro e fevereiro. "Mas é importante para nós que o consumidor saiba que o uso do protetor deve ser feito o ano todo", lembra a executiva.

A marca Sundown da Johnson & Johnson (J&J), líder no segmento de protetor solar no País, também vem investindo na promoção do uso do produto não apenas no Verão. "A marca vem reforçando que o uso do protetor solar não deve ficar restrito a este período, já que estudos mostram a força da incidência dos raios solares durante todo ano", destaca a diretora de marketing de sun care da J&J, que detém as marcas Sundown e Neutrogena, Tatiana Miana.

Segundo ela, a J&J tem a maior parte de suas vendas concentrada no Verão. "O pico é de novembro a fevereiro e a venda em volume representa aproximadamente 60% do total do ano", explica Tatiana. De acordo com a executiva, quando comparado o volume de vendas nos meses de novembro e dezembro contra setembro e outubro, essa alta nas vendas chega a 90%.

Na espanhola Melora, do Grupo IFC, presente no mercado brasileiro há mais de dez anos com a linha de protetores solares Heliocare, o consumo sazonal é observado apenas na linha com Fator de Proteção Solar (FPS) 30.

"Os outros [protetores] mantém uma demanda estável, pois geralmente quem usa os fatores 50 e 90 faz tratamentos de pele que exigem proteção ou estão mais conscientes", afirma a coordenadora de trade marketing da Melora no Brasil, Thenila Sperdutti. A empresa espera crescer, ampliando presença no seu principal canal de vendas: as drogarias. "Nossa expectiva é trazer novos clientes para a marca",conta Thenila.

Concorrência

A Melora, que atualmente fabrica apenas os protetores com Fator de Proteção Solar (FPS) 30 no País, viu o faturamento crescer 30% no último ano, consequência do mercado em expansão e também da ampliação do público-alvo da marca.

"Nosso público, que antes era a classe AA, agora é A e B, porque conseguimos ofertar um produto com preço mais acessível", comemora Thenila. Ela conta que o bom desempenho nos últimos anos levou a empresa a considerar a abertura de uma fábrica própria no País, projeto que pode ser colocado em prática dentro de dois anos. "Mesmo com a economia difícil, o consumo de protetor não cai muito, porque o consumidor não deixa de adquirir cosméticos", acredita ela.

Segundo Thenila, a Melora, que atualmente fatura R$ 3 milhões por mês, sendo metade dessa receita gerada pela linha de protetor solar, espera faturar 30% mais neste ano.

Na J&J, o desempenho dos protetores está em linha com o projetado pela empresa. "Até agora [as vendas] tanto Sundown quanto Neutrogena Sunfresh vêem performando muito bem com crescimento expressivo", diz a diretora de marketing da companhia. Ela destaca que a linha Sunfresh da marca Neutrogena complementa o portfólio da empresa atendendo a um público mais segmentado.

"Embora seja líder no segmento, a companhia continua se reinventando para atender as demandas de diferentes públicos por meio das linhas Neutrogena Sunfresh e ROC Minesol", lembra Tatiana Miana. A companhia aposta na diversificação do portfólio para manter a liderança do mercado. Para esse Verão, a marca investiu na linha de protetores infantis, na embalagem aerossol e na linha de bronzeadores.

Já a L'Oréal Paris lançou o protetor BB Cream recentemente para ganhar espaço frente aos concorrentes. "[O lançamento] vem em linha com essa demanda que a consumidora brasileira tem por produtos práticos, que aliam protetores e bases", explica Renata Guberfain.

A avaliação da gerente da L'Oréal é similar ao apurado pela pesquisa da Mintel. De acordo com o relatório divulgado pela consultoria, produtos mais práticos têm maior apelo entre os consumidores de protetor solar e o uso de maquiagem com FPS já é de 26% entre as mulheres entrevistadas. "A redução de preço em uma das linhas de protetor facial também foi uma estratégia para trazer mais consumidores para a categoria, principalmente da classe C", revela Renata.

Ela conta que a ação não é um reposicionamento da marca - que hoje atende consumidores das classes A, B e C - mas uma estratégia para estimular a experimentação do produto.

Preço

O preço do produto ainda é um dos fatores que pesam na decisão de compra. De acordo com levantamento da Mintel, 25% dos entrevistados acha que o item é caro, mas vale a pena comprar devido aos benefícios.

Para estimular o uso do produto, que previne o câncer de pele, o Projeto de Lei 341/2014, em tramitação no Senado Federal, prevê a inclusão do protetor solar na lista de medicamentos do programa Farmácia Popular. A medida pode baratear o custo do produto final para o consumidor, aumentado as vendas.

Procurada, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) não pôde atender aos pedidos da reportagem.



Veículo: DCI


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