Venda de fraldas descartáveis cresce mesmo com alta nos preços este ano

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                  Avanço das vendas de fraldas infantis é notadamente maior quando comparado ao segmento de      geriátricas, mas empresas estão de olho na mudança do mercado consumidor no longo prazo

 

 

Jéssica Kruckenfellner

São Paulo - O mercado brasileiro de fraldas mostra uma trajetória crescente de vendas nos últimos anos, segundo especialistas. Embora as fraldas infantis ainda dominem as vendas, as linhas para incontinência têm avançado e devem ganhar importância no longo prazo.

De acordo com dados da Nielsen, a venda de fraldas descartáveis nos últimos doze meses, até agosto, somou R$ 4,5 milhões, alta de 19,2% contra os doze meses imediatamente anteriores. "Nós temos alguns movimentos, como a entrada de novos produtos que ajudam a explicar esse aumento", explica o analista de mercado da Nielsen, Andre Sanches.

O aumento nas vendas no País foi observado pela Procter & Gamble (P&G) dona da marca Pampers, que detém uma fatia de 36% do mercado doméstico de fraldas. "Nosso desempenho tem sido muito bom e no último ano crescemos acima da média", conta o diretor da Pampers, Leonardo Romero, sem revelar números exatos.

O executivo observou também que apesar do repasse de custos para os preços dos produtos este ano as vendas não foram afetadas. "Houve de fato um aumento em linha com o aumento geral do mercado, mas o consumidor aceitou bem", afirma Romero. Ele destaca, entretanto que o fato de a empresa ter usado matéria-prima local, que não sofre efeitos da variação cambial, contribuiu para ajustes menores.

Já a Diguinho, com fábrica em Santo André (SP), viu os custos com matéria-prima subirem mais de 10%. "Com a alta do dólar, o preço da celulose e do gel, que são importados, subiu muito", detalha o gerente de vendas da Diguinho, José Artur da Silva.

O aumento dos custos com salários e energia também tem mantido a margem de lucro da empresa pressionada e o repasse no preço dos produtos, que deveria ser de 10% a 15%, de acordo com Silva, chegou a apenas 5%, para não prejudicar as vendas. Mesmo com o ano mais difícil, na avaliação do executivo, a empresa prevê crescimento de 10% a 12% no volume de produção e tem trabalhado com quase toda a capacidade produtiva disponível.

Investimento

A estratégia adotada pela Kimberly-Clark, dona da marca Huggies, para sustentar as vendas foi investir em um produto até então inédito no País, com um novo formato de fralda sem as tradicionais fitas adesivas laterais. Apesar disso, a empresa, que teve alta de 15% nas vendas no primeiro e segundo trimestre, notou uma desaceleração no terceiro trimestre quando as vendas no Brasil avançaram 10%, conforme balanço trimestral.

Depois do lançamento do Kimberly-Clark, a concorrente P&G anunciou um produto semelhante para não perder liderança do mercado. "Nós lançamos o modelo de fraldas para vestir seis meses depois da concorrência, mas já lideramos o segmento", declara o diretor da marca Pampers, da P&G, Leonardo Romero.

Geriátricas

O segmento de fraldas infantis é notadamente maior ante as geriátricas, que nos últimos doze meses, até agosto, somaram R$ 664 mil em vendas, alta de 4,7% sobre um ano antes.

"Os dois segmentos crescem, mas as infantis crescem mais, como resultado de um maior investimento e tamanho do mercado", explica o analista de mercado da Nielsen, Andre Sanches. Para ele, a falta de informação do consumidor sobre essa linha de produtos ainda é uma barreira.

Para enfrentar a resistência inicial dos consumidores, a Kimberly-Clark optou por oferecer amostras grátis e pacotes promocionais para incentivar a experimentação em uma das linhas da marca de fraldas geriátricas Plenitud, que detém fatia de 16,3% do mercado.

A experimentação do produto também é a estratégia adotada pela suéca Svenska Cellulosa Aktiebolaget (SCA), dona das marcas Tena e Biofral. "Há muito espaço para crescer no mercado brasileiro e agora o consumidor está conhecendo mais o produto", conta o diretor de marketing da SCA no Brasil, Agustín Londoño.

Na Diguinho, a expectativa também é de aumento na produção de fraldas geriátricas. Apesar de corresponder a uma parte pequena do total comercializado pela empresa, a linha geriátrica deve crescer 30% em volume neste ano. "Mas ainda é preciso quebrar o paradigma de que fralda geriátrica só se compra em farmácia, o produto precisa ser visto como algo comum", defende Silva.

Pano

A tradicional fralda de tecido ganhou um apelo ecológico e se tornou uma aposta de negócio para microempresas como a Fralda Bonita. Apesar da maior durabilidade, a principal barreira desse nicho é a preferência pela praticidade oferecida pelas descartáveis, observa a proprietária da empresa, Bettina Lauterbach, que produz entre 400 e 500 unidades por mês. A Fralda Bonita conta com apenas dois funcionários, além da proprietária.

Segundo Bettina, o produto é procurado quando as crianças apresentam alergia a fraldas descartáveis. "As pessoas desconhecem o conceito e a concorrência dos importados aumentou muito nos últimos anos", acrescenta a empresária. Para ela, hoje esses são os dois principais desafios para a ampliação da produção, com destaque para a comercialização das fraldas chinesas, que hoje dominam o mercado brasileiro nesse segmento.



Veículo: DCI



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