Venda de bens duráveis reage e Brasil recupera mercado na América Latina

Leia em 3min 50s

São Paulo - Após um ano e meio de quedas constantes no faturamento, o setor de bens duráveis dá o primeiro sinal de retomada. De janeiro a maio deste ano, o ramo cresceu 12%, frente a 2016, faturando R$ 39,5 bilhões. O período foi marcado ainda pela quebra da trajetória de perda de participação de mercado na América Latina.

 

Apresentados ontem pela GfK durante a feira Eletrolar Show, os dados abarcam as categorias de telecom, linha branca, linha marrom, informática e eletroportáteis. Apurado com varejistas do setor, o estudo, que se refere às vendas ao consumidor final, aponta ainda para um crescimento de 10% em unidades vendidas e de 2% em preços.


Das categorias auditadas pela empresa de pesquisa de mercado, a de telecom foi a que mais avançou nos primeiros cinco meses do ano, com um crescimento em unidades vendidas de 21%, e de 22% em valor. De acordo com o diretor comercial da GfK, Rui Agapito, a alta foi puxada principalmente pelo segmento de smartphones. "O principal destaque positivo foi a categoria de telecom, e essencialmente puxada por um produto: os smartphones."


Na outra ponta, a categoria de linha marrom foi a que registrou o pior desempenho no período, com uma retração em volume de vendas de 6%. O segmento foi seguido pelo de informática, que recuou 3% e pelo de linha branca, que ficou estável no intervalo, em unidades vendidas. As duas quedas ocorreram, segundo Agapito, porque os dois segmentos englobam uma grande quantidade de itens.


Com o resultado deste ano, a área de telecom ganhou participação dentro da cesta de produtos de bens duráveis medida pela GfK. Enquanto nos primeiros cinco meses de 2016 a categoria representava 39,5% do faturamento total, no mesmo período deste ano a fatia subiu para 42,8%. O ganho se deu em cima da queda da participação dos produtos de linha branca e linha marrom principalmente, que caíram, respectivamente, 2,3 pontos percentuais e 0,9 ponto percentual, em relação a 2016.


A despeito da queda de 6% do segmento de linha marrom, o executivo aponta que as vendas de televisores viram um crescimento expressivo no período. Em unidades houve um avanço de 15% e em faturamento de 16%. A expansão foi estimulado, conta, por dois fatores: o 'apagão analógico' e a liberação das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).


Base baixa e pré-crise

O crescimento no faturamento e no volume de vendas do setor, influenciado em parte pela queda da inflação, se deu em cima de uma base comparativa muito baixa. Segundo Agapito, da GfK, no último um ano e meio o ramo de bens duráveis amargou quedas consecutivas. "O período foi extremamente negativo em termos de vendas de bens duráveis", afirma.


Diante do cenário e dos dados do estudo, a tendência é que o setor feche este ano com crescimento nas vendas, afirma o diretor da GfK, Minoru Wakabayashi, que explica, contudo, que a empresa ainda não fechou a previsão para o ano, que deve ser divulgada em setembro. Apesar da melhora já vista em 2017, para retornar ao patamar de antes da crise, quando o varejo de bens duráveis chegou a registrar um faturamento de R$ 96 bilhões, ainda há um longo caminho. Questionado pelo DCI Wakabayashi disse que ainda deve demorar muito para voltar ao pico visto em 2013. "Não tenho o ano certo porque temos que ver como vai se dar a questão política e das reformas, mas ainda está bem distante. Com certeza não será em 2018."


Participação de mercado

A reação vista no mercado brasileiro de bens duráveis refletiu na participação de mercado do País dentro da América Latina. A fatia, que caiu em 2015 e 2016, voltou a crescer este ano. Em 2014, o Brasil detinha 52% do faturamento total da região no mercado de bens duráveis. O valor caiu para 42% em 2015 e para 40% um ano depois. Neste ano, conta Agapito, o market share do Brasil voltou a subir, para 60%. Além da melhora nas vendas, o executivo diz que influiu na recuperação de mercado a queda do dólar frente ao real, e a perda de participação de alguns países da região, como a Argentina.


Fonte: DCI São Paulo

 

 


Veja também

PCCV: antes da delação, varejo tinha reagido

São Paulo - Em abril de 2017 as vendas reais calculadas pela Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no...

Veja mais
Oferta de hortaliças e frutas aumenta no primeiro semestre e preços caem

A oferta de hortaliças e frutas nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) teve alta, respectivamente, 6% e 14% no pr...

Veja mais
Geadas poupam lavouras em São Paulo e Minas Gerais

São Paulo - As lavouras de cana-de-açúcar e de café arábica de São Paulo e Min...

Veja mais
Vendas de linha branca podem subir em 2017, após cinco anos em queda

Após cinco quedas consecutivas, a indústria de linha branca pode ter alta de 5% nas vendas neste ano frent...

Veja mais
Varejo cresce 7,9% na 1ª quinzena de julho ante igual período de 2016

São Paulo - As vendas do varejo paulistano cresceram em média 7,9% na primeira quinzena de julho em compar...

Veja mais
'O Brasil não é para principiantes', diz diplomata

O governo de Michel Temer admite que o Brasil terá de promover uma maior integração na economia mun...

Veja mais
Importadores vêm ao Brasil para ver produção de algodão

São Paulo - Produtores de algodão querem saltar no ranking mundial de exportadores da pluma. Como parte do...

Veja mais
Convenção Anual ABAD terá painel sobre as reformas estruturantes que o país necessita

Com o desafio de aprovar as reformas trabalhista, tributária e previdenciária para finalmente avanç...

Veja mais
Vendas: Paraná sente alta de 1,2% no comércio

As vendas no varejo paranaense subiram 1,12% em maio, na comparação anual, segundo pesquisa da Federa&cced...

Veja mais