'O Brasil não é para principiantes', diz diplomata

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O governo de Michel Temer admite que o Brasil terá de promover uma maior integração na economia mundial. Mas, num esforço de explicar a situação no País aos demais parceiros comerciais , a diplomacia nacional recorreu a uma frase de Tom Jobim.

 

"O Brasil não é para principiantes", afirmou Pedro Miguel da Costa e Silva, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty. "Somos um país grande e complexo", disse o diplomata que liderou uma equipe de mais de 20 técnicos do governo para responder às perguntas dos governos estrangeiros.

 

Desde ontem, a OMC realiza um exame completo da política comercial do Brasil. Num informe duro, a entidade deixou claro que a economia nacional é ainda "relativamente fechada" e que políticas de incentivos distorceram a competitividade da indústria nacional. No total, mais de 700 perguntas e cobranças foram feitas ao País pelas principais economias.

 

Em seu discurso na OMC, o diplomata deixou claro que "não concorda necessariamente com a linha editorial e com muitas das opiniões e sugestões que podem ser encontradas no informe". Para o governo, a economia nacional é "diversificada e dinâmica".

 

O Itamaraty admite que o argumento de a economia ser orientada ao mercado doméstico é "parcialmente verdadeira". Mas alerta que outros também são. Taxas de participação do comércio no PIB brasileiro, por exemplo, seriam equivalentes as dos EUA e Japão.

 

Mas o governo também insinua que a situação atual é uma herança de governos passados e que uma mudança seria realizada. "Isso é resultado de escolhas históricas que fizemos sobre o desenvolvimento", disse Silva. "Escolhemos o desenvolvimento por meio da atração de investimentos e tivemos muito sucesso nisso. Agora, estamos convencidos de que o Brasil precisa ser ainda mais aberto e integrado na economia mundial", afirmou.

 

Ao explicar a situação no País, o diplomata descreveu a crise como "possivelmente a pior recessão" da história. "E, como a maioria de vocês sabem, a crise ocorre em um contexto político desafiador", admitiu, garantindo que o governo está tomando medidas para superar as dificuldades.

 

Entrave famoso

A delegação brasileira admitiu que o sistema tributário é um entrave, como apontou a OMC. Mas deixou claro que o tema está em debate no País e que o Custo Brasil não afeta apenas as empresas estrangeiras, mas também o setor privado nacional. "O governo é o primeiro a reconhecer a necessidade de simplificar as obrigações fiscais", disse.

 

Mas o Brasil fez questão de confrontar os questionamentos de governos estrangeiros de que a agricultura nacional estaria contando com uma série de programas de apoio. De acordo com o Itamaraty, o desembolso representa apenas 2,6% da produção nacional.

 

Outra crítica respondida pelo governo brasileiro se refere às exigências de conteúdo local, com programas até já condenados nos tribunais da OMC. Para o governo, essa forma de descrever os programas não é correta e as medidas apenas visam promover a produção local e melhorias tecnológicas.

 

 

Fonte: Estadão Conteúdo


 


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