Rakuten quer fazer aquisições no mercado brasileiro

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O japonês Seichu Masatada Kobayashi, um dos fundadores da Rakuten, está em São Paulo hoje para conduzir uma maratona de "evangelização". É assim que a maior varejista on-line do Japão chama o ciclo de 12 horas de palestras para atrair novos empreendedores ao seu shopping virtual no Brasil, onde o plano de expansão inclui comprar outras empresas.

Chamado de Super Expo, o evento reunirá pelo menos 1.000 empresários no WTC Convention Center. Trata-se de uma das principais apostas da Rakuten para ganhar escala no país.

A companhia conta hoje com 520 lojistas no seu shopping on-line no país e planeja atingir 1.500 nos próximos 12 meses. Para 2018, a ambição é ainda maior: 20 mil varejistas.

O crescimento da Rakuten no Brasil no curto prazo também deve ocorrer via aquisições, diz Kobayashi. "Olhamos empresas de tecnologia, marketing, logística e até de meios de pagamento. Se encontrarmos o alvo certo, compramos", afirma o executivo, diretor da Rakuten para as Américas.

Criada em 1997 no Japão, a Rakuten começou a dar lucro com apenas um ano de operação, diz Kobayashi. Principal concorrente da empresa, a Amazon ficou no vermelho em 2012, quando faturou US$ 61 bilhões.

A companhia foi à bolsa em 2000 e, em 2008, começou sua expansão internacional. Chegou ao Brasil dois anos atrás, com a aquisição da Ikeda.

Por aqui, a Rakuten, que faturou globalmente 400 bilhões de ienes (cerca de R$ 9 bilhões) no ano passado, encontrou algumas dificuldades para convencer clientes das vantagens de aderir ao seu modelo de negócio.

Em todo o mundo, a operação da Rakuten consiste basicamente em reunir pequenos e médios empresários em um shopping virtual. A plataforma é administrado pela Rakuten, que cobra comissão entre 8% e 12% sobre as vendas dos lojistas, maior fonte de receita da companhia.

Dos 210 empreendedores ligados à Ikeda, apenas 30 se juntaram à Rakuten até agora. "Ainda vamos trazer de volta os outros 170", diz Ricardo Jordão, diretor de marketing da Rakuten.

Durante a "evangelização" de amanhã, os executivos têm alguns alvos preferidos. Entre eles, empreendedores que já tiveram experiências mal-sucedidas de vendas na internet ou que, pelo menos, tenham desejo de operar neste canal, mas não saibam exatamente por onde começar.

O terreno para angariar lojistas se tornou mais fértil para a Rakuten a partir do avanço exponencial dos preços dos anúncios na internet nos últimos anos no Brasil, diz Jordão. "Já foi um negócio barato, mas grandes redes inflacionaram os preços", afirma Jordão.

Para as pequenas empresas, o marketing na web é hoje uma conta que não fecha e se juntar a outras redes em torno da Rakuten virou uma alternativa. "Não cobramos por clique, apenas quando a venda é concretizada", explica Jordão.

Dos R$ 28 bilhões de faturamento previsto para o comércio virtual no Brasil este ano, 80% estão nas mãos de 20 empresas, diz Jordão. "As outras 20 mil que operam no canal pouco vendem e podemos ajudar nesse sentido", afirma o executivo.

A entrega dos produtos é de responsabilidade dos lojistas, mas é monitorada pela Rakuten.

Diferente do Japão, o Brasil ainda não é uma operação rentável para a Rakuten e não há pressa para que isso ocorra, diz Kobayashi. "Estamos longe do tamanho que queremos no Brasil", diz Jordão.

A companhia está presente em 11 países. No Japão, a Rakuten tem o seu shopping virtual, uma operação financeira de cartões e é dona do leitor digital Kobo, uma das maiores aquisições da empresa nos últimos anos.

No Brasil, o Kobo é vendido em parceria com a Livraria Cultura.

Há planos de começar uma operação de cartões no país, diz Kobayashi, mas questões regulatórias ainda são um desafio.

A Rakuten vai aproveitar o evento de hoje e lançar dois novos produtos: um programa de afiliados e outro de "retargeting", sistema pelo qual a varejista passa a seguir o consumidor na internet a partir do seu histórico de pesquisas e compras.



Veículo: Valor Econômico


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